Ética Cristã e Política
A presente lição tem
como objetivo geral mostrar que a política faz parte da vida em
sociedade e que o crente deve ter consciência política. Sendo
que a verdade prática ratifica que a política faz parte da vida em sociedade,
logo o cristão não vive isolado, porém o mesmo deverá ter consciência da
ciência política e lembrar sempre que é o sal e luz neste mundo.
O valor do sal só é
notável na ação. Pois, o sal é importante no agir. No contexto histórico o sal
teve grande participação para uma das maiores inovações no mundo do trabalho,
isto é, o salário. Porém, o sal tem seu valor no agir, e se para isto, o mesmo
não serve, deverá ser lançado fora.
Já o valor da luz é notável no existir, pois, os
benefícios da luz são inúmeros, como por exemplo: a visibilidade, o
fornecimento de energia e a produção de alimentos.
I – UMA
PERSPECTIVA BÍBLICA DA POLÍTICA
1- Deus governa todos os aspectos da vida humana,
inclusive o político.
2- Deus levanta homens que o glorifiquem na política.
3- O Estado e a política.
4- O Estado e a Bíblia.
Comentário:
O presente tópico tem
como objetivo apresentar uma perspectiva bíblica da
política. E conforme o apóstolo Paulo o cristão deverá ser
sujeito às autoridades, desde o momento em que esta é instrumento de Deus para
a perpetuação da justiça.
O apóstolo não define
que o cristão deverá ser submisso a autoridade tal, como por exemplo, submisso
ao governo do Brasil. O que Paulo notifica é a existência de uma humanidade em
que há autoridades e submissos a esta autoridade. Deus age por meio de seus
decretos e o segundo decreto de Deus se chama providência, sendo que Deus
prover por meio da organização, isto é, por meio da ordem, e as autoridades
existentes são constituídas por Deus para manter a ordem.
Porém, quando a
autoridade palmilha na contra mão do querer de Deus as mesmas não deverão ter o
respeito e nem a submissão dos cristãos, mas importa obedecer a Deus do que aos
homens (At 5.29).
Em suma, a obediência
à autoridade deverá ocorrer:
Porque o governo
civil está sujeito ao decreto de Deus.
E também, porque o
estado foi instituído para ser agente da justiça (Rm 13.4).
Porém, quando o
governo deixa de exercer sua função, este deixa de ser ordenança divina, pois
abandonou o propósito da sua criação. O cristão não poderá obedecer ao estado
quando este requer a desobediência a Palavra de Deus. Logo, surge também a
definição do dever do cristão perante a ordem pública.
As autoridades foram
instituídas por Deus, logo o primeiro dever das autoridades é uma ação
competente para com a organização da sociedade. A organização social do governo
deverá atender as necessidades básicas do povo, como por exemplo, administrar
os recursos existentes e criar estratégias para o aumento destes recursos.
Vale citar que é
dever do estado promover a paz, pois não traz debalde a espada (Rm 13.4). A
presença da espada indica o poder da autoridade para punir os que fazem o mal,
garantindo assim a paz pública.
Por fim, as
autoridades foram instituídas por Deus, logo cabe às autoridades obedecerem a
Deus e a Palavra de Deus.
O dever do cristão
conforme o apóstolo Paulo pode ser definido em ser sujeito pela consciência e
na lealdade ao pagamento dos impostos. A sujeição pela consciência corresponde
a obedecer ao governo não apenas por ser um dever civil, mas por ser um dever
espiritual. Os impostos existem para serem pagos. É de responsabilidade dos
cristãos o pagamento dos impostos.
Portanto, a sujeição
às autoridades deverá ser interpretada no seu aspecto histórico, pois no
período em que Paulo escreve a Igreja em Roma, Nero era o imperador e perseguia
os cristãos. Mesmo assim, era dever dos
cristãos obedecer ao sistema governamental até o ponto em que este não
desobedecesse a Lei de Deus. Pois, o sistema governamental e não o governo é
proveniente de Deus.
II –
A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE
1- A união entre a Igreja e o Estado.
2- A separação entre a Igreja e o Estado.
3- O Modelo de Estado Laico Brasileiro.
Comentário:
Compreender
que a separação do Estado da Igreja é uma herança protestante é o objetivo específico do presente tópico.
O Edito de
Constantino ou Edito de Milão reconhecia e facultava o direito de cada
indivíduo seguir a religião que escolhestes. O Edito de Milão pós-fim ao
segundo período da Igreja, conhecido como período da Igreja perseguida, o
cristianismo neste momento histórico pode ser assim resumido:
Um
dos efeitos produzidos pelas provações por que passaram os cristãos desse
período, foi uma igreja purificada. As perseguições conservavam afastados todos
aqueles que não eram sinceros em sua confissão de fé. Ninguém se unia à igreja
para obter lucros ou popularidade. Os fracos e os de coração dobre abandonavam
a igreja. Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis até à morte, se
tornavam publicamente seguidores de Cristo. A perseguição cirandou a igreja,
separando o joio do trigo (HURLBUT, p. 63).
Logo, o Edito de
Milão outorgou liberdade e tolerância religiosa. Já o Edito de Teodósio estabeleceu
o cristianismo como religião oficial do Império Romano.
Sobre os resultados
desta oficialização descreve Hurlbut.
Apesar
de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo,
contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato
trouxe, maus resultados para a igreja. Se o término da perseguição foi uma
bênção, a oficialização do Cristianismo como religião do Estado foi, não há
dúvida, maldição.
Todos
queriam ser membros da igreja e quase todos eram aceitos. Tanto os bons como os
maus, os que buscavam a Deus e os hipócritas buscando vantagens, todos se
apressavam em ingressar na comunhão. Homens mundanos, ambiciosos e sem
escrúpulos, todos desejavam postos na igreja, para, assim, obterem influência
social e política. O nível moral do Cristianismo no poder era muito mais baixo
do que aquele que distinguiam os cristãos nos tempos de perseguição.
Os
cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos
espirituais e menos sinceros do que no passado. Os costumes e as cerimônias do
paganismo foram pouco a pouco infiltrando-se nos cultos de adoração. Algumas
das antigas festas pagãs foram aceitas na igreja com nomes diferentes. Cerca do
ano 405 as imagens dos santos e mártires começaram a aparecer nos templos, como
objetos de reverência, adoração e culto. A adoração à virgem Maria substituiu a
adoração a Vênus e a Diana. A Ceia do Senhor tornou-se um sacrifício em lugar
de uma recordação da morte do Senhor. O "ancião" evoluiu de pregador
a sacerdote.
Como
resultado da ascenção da igreja ao poder, não se vê os ideais do Cristianismo
transformando o mundo; o que se vê é o mundo dominando a igreja. A humildade e
a santidade da igreja primitiva foram substituídas pela ambição, pelo orgulho e
pela arrogância de seus membros. Havia, é certo, ainda alguns cristãos de
espírito puro, como Mônica, a mãe de Agostinho, e bem assim havia ministros
fiéis como Jerônimo e João Crisóstomo. Entretanto, a onda de mudanismo avançou,
e venceu a muitos que se diziam discípulos do humilde Senhor (HURLBUT,
p. 73,74).
III –
COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA
1- O perigo da politicagem.
2- Como delimitar a atuação da igreja.
3- Ajustando o foco da igreja.
Comentário:
Há uma necessidade exclusiva
que mostra como o cristão deve lidar com a política.
Não sendo desenvolvida com base na politicagem que é a utilização da política
para benefícios pessoais. Logo, assim, como no Antigo Testamento Deus usou
profetas, sacerdotes, sábios, juízes e reis; Deus quer usar nos dias atuais
pessoas compromissada com Ele em todos os âmbitos da sociedade garantindo que
as instituições: igreja, estado, família, empresa e até a escola sejam
abençoados pela dimensão da graça divina.
Como carreira o
cenário político é igual a qualquer outra atividade secular. Que requer
desenvoltura e compromisso. Assim sendo o cristão interessado com a vida
pública deverá vigiar e orar para não cair em tentação. Já se houver obreiro
interessado é fundamental deixar o exercício ministerial, pois “Ninguém que
milita se embaraça com negócios desta vida” (2 Tm 2.4).
Referência:
HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2001.
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