Permanecendo firme
no que tem aprendido
1- Portanto, convém-nos atentar, com
mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum,
nos desviemos delas.
2- Porque, se a palavra falada pelos
anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa
retribuição,
3- como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo
Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;
4- testificando também Deus com eles,
por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo,
distribuídos por sua vontade? (Hb 2.1-4).
O
escritor continua sua linha de raciocínio argumentando a superioridade de Jesus
sobre os anjos. Porém, em meio aos argumentos percebe-se uma exortação aos
crentes para que estes permaneçam firmes diante do Senhor.
Em
toda carta há cinco exortações (Hb 2.1-4; 3.1-4.16; 5.11-6.20; 10.19-39;
12.1-29), no que corresponde a permaneça dos cristãos diante de Deus. Sendo que
algumas frases são importantes para a compreensão destas exortações: em tempo
algum, nos desviemos delas (Hb 2.1); participemos da vocação celestial (Hb 3.1);
não façais negligentes para ouvir (Hb 6.12); não deixando a nossa congregação
como é costume de alguns (Hb 10.25); olhando para Jesus, autor e consumador da
fé (Hb 12.2).
Em tempo algum, nos desviemos delas (Hb
2.1-4)
1- Atentar para as coisas
que já temos ouvido. Imaturidade e negligencia passam a serem
palavras descritas pelo escritor da carta. Imaturidade no atentar para as
coisas ditas por populares da sociedade, e negligência por não atentar para o
que é certo e o que tem aprendido.
Deus
tem levantado e usado pessoas para edificar os crentes por meio do ensino da
Palavra. E todo cristão deverá permanecer firme diante de Deus mediante o que
tem aprendido, pois o conhecimento da Palavra liberta (Jo 8.32), o conhecimento
da Palavra proporciona crescimento (1 Pe 3.18) e o conhecimento da Palavra conduz
a santificação (Jo 17.17).
2- Como escaparemos nós se
não atentarmos para uma tão grande salvação. Tão grande salvação,
frase que corresponde com a abrangência da doutrina da salvação, iniciando-se
com a justificação, confirmando-se com a santificação e por fim, concretizando-se
com a glorificação. Portanto, os cristãos não podem de maneira nenhuma perder a
oportunidade de reinar com Cristo. Ao que perder a salvação será por Deus
punido (Ap 20.15).
3- Testificando Deus com
sinais, e milagres. O versículo três deixa claro que o escritor
da carta não teve contato direto com Jesus e o versículo quatro conduz a
seguinte suposição interpretativa: os cristãos que receberam a carta faziam
parte de uma geração que até poderia ter presenciado milagres, mas não os ter
realizado.
A
igreja cresce mediante a presença de Deus. A presença de Deus é confirmada com
a manifestação de poder. Quando não há manifestação de poder da parte de Deus, surge
a identificação de que alguns desviaram das coisas que foram ensinados.
Participantes da vocação celestial
Pelo que, irmão santos, participantes
da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da
nossa confissão (Hb 3.1). Se da parte de alguns havia
desconsideração a respeito de Cristo em ser Ele enviado pelo Pai e sumo
sacerdote, logo se percebe que existiam pessoas na congregação que não eram
mais participantes da vocação celestial.
1- Vocação celestial. Termo
que se associa com a glória futura em que os vencedores terão um corpo
glorificado e reinarão com Cristo para todo o sempre (1 Co 15. 52-54).
2- Considerai a Jesus.
Jesus foi enviado pelo Pai para concretizar a obra da salvação outorgando
libertação a todos aqueles que se aproximarão dEle. Os crentes que recebiam a
carta deveriam reconhecer a Jesus como apóstolo, ou seja, aquele que foi
enviado, e como sumo sacerdote, isto é, o responsável pela confissão dos
cristãos.
Não façais negligentes para ouvir
Do qual muito temos que
dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir (Hb
5.11).
Muitos
da congregação pelo tempo deveriam exercer o ministério do ensino, isto é, pelo
tempo estes já eram para serem mestres dos demais, porém, por serem descuidados
não foram pessoas aptas para aceitarem as palavras daqueles que foram fiéis e
pacientes. Porém, aos que se dedicaram e se tornaram aptos é necessário saber
que Deus não é injusto para se esquecer
da vossa obra e do trabalho da caridade que, para com o seu nome, mostrastes,
enquanto servistes aos santos e ainda servis (Hb 6.10).
Explicar
as Escrituras para quem é negligente torna-se uma tarefa difícil, pois, não há
motivação própria da pessoa para receber a mensagem.
Os cristãos correm
constantemente o perigo de não permanecer inteiramente fiéis na esperança que
devem ter em Cristo. Devemos manter nosso compromisso com Cristo firme até o
fim
(RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p. 650).
Não
deixando a nossa congregação como é costume de alguns
Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes,
admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai
aproximando aquele Dia (Hb
10.25).
O escrito deixa bem claro, três motivos que
são identificadores dos que deixam a casa de Deus: primeiro, o coração não
purificado (Hb 10.22); segundo, a não retenção da confissão (Hb 10.23), e; por
terceiro, a desconsideração para com os outros (Hb 10.24).
Na
congregação cada crente pode contribuir para o bem-estar do outro, eis por que o autor exorta os hebreus a
congregar e a manter-se unidos. É provável que alguns cristãos deixassem de
comparecer às reuniões da Igreja por talvez temerem perseguições (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p. 658).
Portanto,
na congregação cada crente tem por obrigação edificar o seu irmão e nunca
transformar a Palavra de Deus em um meio para justificar suas ações e provocar
a ira nos demais.
Olhando para Jesus autor e consumador da
fé
Olhando aqui significa fixando
os olhos de forma confiante. Precisamos concentrar-nos de forma constante em
Cristo, em lugar de nas circunstancias (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p. 658).
Em suma, o cristão não pode de maneira
nenhuma se entregar às dificuldades provenientes da vida e abandonar a Cristo,
pessoa a quem o cristão deverá focar o seu olhar.
Dentre
as exortações do escritor para os cristãos do primeiro século fica a lição da
necessidade da obediência à Palavra de Deus que foi ministrada pelos santos.
Oxalá que os ouvem a Palavra de Deus hoje, se transforme em grandes pregadores
e mestres. Pois, o ensino da Palavra proporciona crescimento espiritual e santificação,
meios que aproximam os crentes de Deus.
Referência
RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de
Janeiro: Editora Central Gospel,
2013.