A purificação do Templo
E
achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores
assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo,
também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as
mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa
de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está
escrito: O zelo da tua casa me devorou (Jo 2.14-17).
O presente texto tem como objetivo responder
a seguinte pergunta: Gostaria de tirar
uma dúvida no capítulo 2.13-16, quer dizer que não podemos vender coisas na
igreja? Tipo: feijoada, bazar...
Para responder a pergunta acima, duas outras
deverão ser utilizadas no momento em que lemos o texto. Primeira, o que o texto
quis dizer no período em que foi escrito? E, segunda, o que texto quer dizer nos
dias atuais?
A primeira permite o desenvolvimento prático
da exegese, enquanto a segunda outorga a aplicabilidade, tendo como objetivo
que o cristão viva em conformidade com a vontade do Senhor.
Portanto, no que tange a compreensão do texto
para o período em que foi escrito é necessário entender o seguinte ponto
essencial:
E achou no templo os que vendiam e os cambiadores.
Deus não é contra o comércio, todo judeu é exímio
empreendedor, porém o local e como o comércio estava sendo desenvolvido não
eram conforme a vontade de Deus. Sobre o local compreende que o Templo é local
de adoração e não de negociação de produtos e de ofertas. Ofertas, por quê? Por
ser empreendedor os judeus começaram a negociar os animais que eram oferecidos
em sacrifício no templo, assim o judeu no ato de deslocar para Jerusalém para a
prática da adoração não precisaria sair de sua casa com a oferta, compraria no
próprio Templo, o que inicialmente parecia ser benéfico, mas por outro lado a
venda era uma extorsão desenvolvida pelos comerciantes sob a proteção dos
sacerdotes.
[...] Um estudo fascinante das
circunstâncias econômicas do povo da Jerusalém do século I observa que os
preços das frutas eram entre três a seis vezes mais caros na cidade do que no
campo! Mas isto não se pode comparar com os preços inflacionados exigidos em
Jerusalém pelos pombos para sacrifício, que eram aproximadamente cem vezes mais
do que se cobrava nas áreas rurais! A casa de Deus não havia somente sido
convertida em um mercado por aqueles comerciantes que compravam e vendiam ali
sob a proteção dos príncipes dos sacerdotes. Ela havia se transformado num
mercado, onde os pobres, para quem a lei de Deus fazia a provisão necessária,
tornavam-se vítimas de extorsão (RICHARDS,
2008, p. 201).
Os que vendiam e os cambiadores estavam no
lugar certo, o Templo, porém fazendo a coisa errada, cuidando de seus próprios interesses
materiais. Cuidado este fora do padrão, pois os lucros eram absurdos. Sendo que
a resposta de Jesus em dizer que a casa de meu Pai é casa de oração, indica que
os que vendiam e os cambiadores estavam transformando a casa do Senhor em um
comércio.
Já no que tange a aplicabilidade é válido
dizer que na casa do Senhor não poderá ter um olhar direto para a comercialização
em que interesses pessoais sejam supridos.
Mas, enquanto a venda como hoje é desenvolvida
para auxílio a projetos evangelísticos ou a departamentos não há uma associação
direta com a motivação em que teve Jesus de expulsar os comerciantes do Templo,
porém alguns cuidados devem ser observados e praticados, que são:
A venda de produtos no
interior da igreja não é permitido por algumas denominações (o que no meu ver
dentro da igreja é inaceitável qualquer comercialização mesmo que seja para a
própria obra, na parte externa tranquilamente).
Venda com objetivo obter lucros
absurdos e ainda utiliza a seguinte frase para justificar: é para ajudar a obra
de Deus.
Venda no momento posterior
ao culto, pois cantina aberta no momento do culto é o escape justificável daqueles
que gostam de saírem, principalmente no momento da mensagem.
Por fim, todo cristão tem que saber que a
primeira fonte para que projetos evangelísticos e as festividades dos
departamentos ocorram com os recursos necessários, os dízimos e as ofertas não
devem ser sonegados.
Referência:
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário
Histórico-cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
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