Texto: E disse
Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou. Disse mais: assim dirás aos filhos de Israel:
Eu Sou me enviou a vós.
E Deus
disse mais a Moisés: assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de
vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a
vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração (Êxodo 3.14,15).
Deus é conhecido pelos homens principalmente
pelos nomes que pelos quais Deus se revelou, pelas obras, pelos decretos e
pelos atributos.
Portanto, a primeira coisa que se deve levar
em consideração no estudo sistemático da pessoa de Deus é a doutrina da
trindade. Pois, a doutrina da trindade ensina que existe um único Deus
existente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Gn 1.26; Mt 28.18).
EU SOU O QUE SOU. Nome que possibilita a
compreensão dos decretos de Deus. EU SOU O QUE SOU indica que Ele criou todas
as coisas, prover todas as coisas, restaura aqueles que se aproximam dEle e
consumará todas as coisas. EU SOU O QUE SOU indica que tudo acontece segundo a
vontade de Deus, para glória de Deus e Deus está no controle de todas as coisas.
Os nomes de Deus
1- Os
nomes genéricos são: Deus de Israel, Deus e Altíssimo. O nome Deus
quando usado e citado indica poder. Logo, o nome Deus indica que Ele (Deus) é
Todo Poderoso e tem poder absoluto. Já o nome Senhor quando citado outorga
ênfase ao amor de Deus.
Elohim é o nome mais usado no Velho
Testamento e, expressa o conceito de divindade. Associa com o nome do Criador
de todas as coisas. Segundo a tradução semítica o termo El é Deus que para os
especialistas El deriva-se de uma raiz que significa ser forte ou ser poderoso.
El sigular e Elohim no plural.
Já o termo Elyon corresponde com o Altíssimo
e indica poderes sobre outros, pois para as nações antigas o termo era usado
para referenciar os monarcas, logo Deus está acima dos poderes dos monarcas, porque
Ele é o Altíssimo.
2- Os
nomes específicos são: Shaday, Adonay e YHWH. El Shaday
significa Deus todo Poderoso. Para alguns o sentido do nome significa Deus da montanha.
Adonay significa Senhor.
YHWH tetragrama que tem como transliteração Yahweh,
ou seja, Javé. O nome Javé é o nome especial de Deus. Significado mais próximo
seria “aquele que trouxe a existência o
que existe”.
Conhecendo a Deus pelas obras por Ele
realizadas
O termo utilizado em hebraico para criar é bará, que significa uma ação
divina que produz um resultado novo e imprevisível.
E em seis dias tudo foi criado, observe a
tabela sobre a criação.
Dias
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Obras
criadas
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Ordem
da criação
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1º
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Luz – dia e noite
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Deus põe em ordem a criação
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2º
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Firmamento
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3º
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Terra seca
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4º
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Sol, lua e as estrelas
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5º
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Pássaros e peixes
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Deus dá vida à criação
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6º
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Animais e o ser humano
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7º
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O descanso
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Deus termina a criação e a declara boa
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Portanto, Deus é o criador de todas as coisas
e o ato de criar é pertencente somente a pessoa dEle. Porém, no sétimo dia Deus
descansou não que Deus tenha descansado no sentido da ociosidade, mas Deus
descansou do ato da criação, ou seja, cessou de criar.
Conhecendo a pessoa de Deus pelos decretos
por Ele definidos
1- Definição. Decreto (latim decretum), decisão
manifestada oficial e publicamente. Deus tem publicamente manifestado suas
decisões. Os decretos de Deus estão expostos de maneira nítida no Livro
Sagrado, a Bíblia.
2- Verdades
sobre os decretos de Deus. Quatro
verdades sobre os decretos de Deus merecem total atenção por parte daqueles que
se aproximam dEle.
A primeira verdade indica que os decretos são
para a glória de Deus. Já a segunda verdade descreve que os decretos são a real
expressão da vontade de Deus. A terceira verdade afirma que os decretos de Deus
são eternos. E por fim, a quarta verdade sobre os decretos divinos não torna o
homem um autônomo e nem viola o livre-arbítrio que Deus outorgou a este.
3- Os tipos
de decretos de Deus. Quatro são
os decretos de Deus: criação, providência, redenção e consumação.
A criação é o decreto divino que deu início a
tudo o que existe (Gn 1.1). A finalidade da criação é para a glória de Deus (Is
43.7), “os que criei para minha glória”. Portanto, o modo da criação indica que
Deus criou tudo do nada.
Providência é o decreto divino que expressa o
governo de Deus sobre a criação (Sl 24.1). Dois são os aspectos da providência
de Deus: sustento e governo. O sustento se revela quando se afirma que Deus mantém
a criação. Já o governo na afirmação que Deus rege, administra e gerencia a
criação. Deus se revela pelo nome Jeová Jiré, quando o assunto está associado
ao decreto da providência (Gn 22.13,14).
Redenção é o decreto de Deus que se
concretiza na salvação do pecador.
Consumação é o decreto de Deus que ratifica a
vitória final do Senhor em todas as suas obras.
Conhecendo a pessoa de Deus pelos atributos a
Ele conferidos
Os atributos de Deus revelam a pessoa dEle
para os seres humanos. Os atributos de Deus de forma didática são divididos em
dois grupos: atributos naturais e atributos morais.
1- Atributos
naturais. Cinco merecem total
atenção, são eles: a eternidade de Deus, a imutabilidade de Deus, a onisciência
de Deus, a onipotência de Deus e a onipresença de Deus.
O atributo que ensina que Deus não é limitado
pelo tempo é o que afirma que Deus é eterno (Sl 90.2).
Já a imutabilidade de Deus indica que Deus
não muda (Ml 3.6).
Onisciência indica que Deus não é limitado
pelo aspecto intelectual, porque Ele sabe todas as coisas (Hb 4.13).
Onipotência é o atributo que afirma que Deus não
é limitado em poder, porque Ele é o Todo-Poderoso. A onipotência de Deus
torna-se nítida e se manifesta em quatro domínios: o domínio da natureza (Gn
1.1-3), o domínio da experiência humana (Êx 7.1-5), o domínio celestial (Hb
1.13,14) e o domínio sobre os espíritos malignos (Jó 2.6; Tg 4.7).
Já a onipresença é o atributo que indica não
ser Deus limitado pelo espaço.
2-
Atributos morais. Santidade e
o Amor se definem como atributos morais de Deus, pois são atributos que
expressam a majestade da natureza divina.
Deus é santo, e assim como Ele é, cabe a cada
cristão o dever de se santificar (Jo 17.17; 1Pe 1.16).
Deus é amor (1 Jo 4.8). O amor como atributo
expressa a natureza de Deus. Cinco são os aspectos do atributo do amor de Deus:
complacência, compaixão, afeição, benevolência e misericórdia.
O aspecto do amor da complacência ensina que
Deus concorda com a oração dos fiéis e usa de benevolência para com os teus (Mt
17.5).
O amor da compaixão ensina que a ação de Deus
está associada com a aflição dos que por Ele são amados (Êx 3.9).
O amor da afeição ensina sobre o aspecto da
relação íntima entre Deus e o seu povo (Jo 17.23).
Já o aspecto da benevolência se define na
ação divina em outorgar e usar de bondade (Lc 6.35).
Por fim, o quinto aspecto do amor divino é a
misericórdia. Do substantivo hesed (transliteração do
hebraico), corresponde com a benignidade, o amor firme, a graça, e com a palavra
misericórdia, fidelidade, bondade e devoção. Já o substantivo – eleos
– presume necessidade por parte de quem a recebe, e recursos adequados para
satisfazer a necessidade daquele que a mostra. Deus age com misericórdia. As
misericórdias do Senhor proporcionam ao cristão a possibilidade de sonhar e de lutar
para que o melhor de Deus se concretize.
Portanto, EU SOU O QUE SOU, nome que Deus se
apresentou a Moisés, põe em ênfase três verdades: Deus é autossuficiente, Deus é
Soberano e Deus é imutável.
Referência:
ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário
Teológico, com definições etimológicas e locuções latinas. Rio de Janeiro:
CPAD, 1997.
BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar, doutrina e
conservadora. São Paulo: Editora Batista Regular, 2006.
SOARES, Esequias. Os dez mandamentos, valores divinos para uma sociedade em constante
mudança. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.