Texto: Dize-lhes: Assim como eu vivo, diz o Senhor, que, como
falaste aos meus ouvidos, assim farei a vós outros. Neste deserto cairá o vosso
cadáver como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa
conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes; não
entrareis na terra, pelo qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela,
salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué de Num... E vossos filhos pastorearão
neste deserto quarenta anos e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que
o vosso cadáver se consuma neste deserto. Segundo o número dos dias em que
espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis
sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e conhecereis o meu afastamento.
Números 14. 28-30, 33,34.
O terceiro período da época de Israel é o de
Israel no deserto que corresponde à saída dos israelitas do Egito até ao
episódio da entrada em Canaã. A nação de Israel é querida por Deus, pois são os
israelitas filhos da eleição (Dt 7. 6).
Neste período é notável a ação de Deus em
proteger, guardar e prosperar ao seu povo como evidência da sua sublime
presença. A presença de Deus foi primordial na organização de um remanescente
que confiou na promessa de entrar em Canaã e aos que não confiaram morreram no
deserto.
O deserto é lugar de manifestação e de
revelação. No deserto as pessoas serão manifestadas, não a quem elas aparentam
ser, mas quem de fato elas são. Logo, isto é uma revelação direta. Nos dias
atuais com o avanço tecnológico e com os efeitos da globalização a sociedade
não busca entender e aceitar o ser humano, mas querem conhecer o que as pessoas
possuem. Não o que tem, mas quem são as pessoas deverá ser a nossa preocupação.
I – Os limites
humanos revelados no deserto
1- Limite em confiar. Logo após a travessia do mar vermelho
que foi precedido pelo cântico de Moisés e pela dança de Miriam com as mulheres
israelitas é revelado o primeiro limite de uma pessoa que estar no deserto o de
confiar. Pela primeira vez é citado o que tornou presente na palmilhação dos
israelitas no deserto (Ex 15.24), a murmuração, que neste caso foi com a
seguinte pergunta: o que havemos de beber? Demonstração direta que o povo não
confiava em Deus que os tirou do Egito.
2- Limite em participar. Já nos capítulos dezenove e vinte de Êxodo o
povo israelita tem a oportunidade de ouvir a voz de Deus, porém os mesmos
disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para
que não morramos (Ex 20.19). O povo não conseguiu se relacionar com Deus que os
tinha tirado do Egito. Logo o que impede o indivíduo relacionar com Deus é o
pecado.
3- Limite em
conquistar. De
doze homens que foram enviados para espiar a terra de Canaã apenas dois
continuaram crendo que a conquista seria real, pois quem tinha prometido era o
criador dos céus e da terra. Mas os outros tiveram medo dos habitantes da terra
que eram poderosos e gigantes, e cujas cidades eram fortes e grandes (Nm 13.28,33).
O terceiro limite do povo israelita no deserto é o medo. Se Deus é por nós o
que temeremos?
4- Limite em
socializar. Corá,
Datã e Abirão são exemplos de pessoas que não possuí habilidades para o
relacionamento. Estes levantaram contra a liderança de Moisés, porém ao mesmo
tempo estava levantado contra a direção de Deus (Nm 16.1-3). Pois, quem tinha
escolhido e enviado a pessoa de Moisés para guiar o povo no deserto foi o Deus
de Abraão, Isaque e de Jacó.
5- Limite em Ouvir. Os israelitas
poderiam ouvir as palavras de Calebe “Subamos animosamente e possuamo-la em
herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela” Nm 13. 30). Deste
episódio suje a seguinte pergunta: a quem estamos escutando? Os que creem na
promessa? Ou os que têm medo dos gigantes?
II – Evidências da
presença de Deus
1- A travessia do Mar
Vermelho. No
livro do Êxodo há explicações da saída dos israelitas do Egito para a cidade
que mana leite e mana mel, sob a liderança de Moisés, autor do Pentateuco.
Segundo esta narrativa a travessia ocorreu da seguinte maneira: primeiro, não foram
pelo caminho da terra dos filisteus (Ex 13.17); segundo, fez caminhar o povo
pelo caminho do deserto perto do mar vermelho (Ex 13.18); terceiro, partiram de
Sucote e acompanharam em Etã (Ex 13.20), quarto, acamparam diante de Pi –
Hairote (Ex 14.2); quinto, região de Pi – Hairote, próxima do mar (Ex 14.9) e
sexto acontece o milagre do mar (Ex 14.21).
O milagre do mar vermelho não é limitado no
episódio da travessia, mas também na derrota do exército inimigo. O povo de
Israel estava armado (Ex 13.18), mas não preparado, ou seja, estava vazio
espiritualmente, então o milagre aconteceu para que o povo se alimentasse e
entendesse o querer do Todo Poderoso.
2- Em quarenta anos. Durante os primeiros
14 meses e 20 dias o povo palmilhou no deserto com os seguintes propósitos da
parte de Deus: primeiro, Deus queria libertar o povo do espírito da escravidão;
segundo, levar o povo a dependência de
Deus e terceiro, Deus queria trenar o povo para ser uma nação. Mesmo assim, com
o propósito final de libertar o povo do medo os israelitas temeram os
habitantes da terra de Canaã. Porém, nos quarenta anos Deus com a sua glória
manifestou ao povo de Israel outorgando – lhes proteção, segurança e
prosperidade.
3- O decálogo. O relacionamento entre
Deus e Israel teve seu auge no momento em que Deus outorgou o decálogo a Moisés
(Ex 20.1-17), ensinado aos israelitas que na vida há deveres e direitos.
Segundo os versículos um ao sete é dever de
todo o povo israelita adorar e respeitar o nome de Deus. Já nos versículos
seguinte encontramos os direitos que são; direito ao descanso (v.7), direito ao
respeito na própria casa (v.12), direito a vida (v.13), direito a fidelidade
conjugal (v.14), direito a segurança (v.15) e direito ao respeito na sociedade
(vv.16,17).
Conforme Êxodo capítulo treze versículo
dezoito Deus guiou o povo de Israel pelo caminho do deserto para fazer desta
uma grande e extraordinária nação. Com tantos milagres surge a grande
interrogação por que os israelitas continuavam a murmurar? Outra pergunta é o porquê
Deus escolheu a Israel? Sobre esta última pergunta, teremos como resposta.
Deus escolheu a
Israel para mostrar a sua glória ao mundo. O Egito era a grande potência da
época enquanto Israel era um povo escravo. Segundo, Deus escolheu a Israel para
outorgar ao mundo as Escrituras Sagradas. E por terceiro, Deus escolheu Israel
para entregar o Salvador ao mundo. Por fim, no deserto é lugar de aprender a
depender de Deus e reconhecer os nossos limites.
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