AS DUAS ALIANÇAS
Texto: 21- Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei:
não ouvis vós a lei?
22- Porque está escrito que Abraão teve
dois filhos, um da escrava e outro da livre.
23- Todavia, o que era da escrava nasceu
segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa.
24- o que se entende por alegoria; porque
estes são os dois concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a
servidão, que é Agar.
25- Ora, esta Agar é Sinai, um do monte da
Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus
filhos.
26- Mas Jerusalém que é de cima é livre, a
qual é mãe de todos nós; (Gálatas
4.21-26).
INTRODUÇÃO
Segundo
João Calvino a doutrina possui dois aspectos distintos: a lei e o evangelho. No
presente texto a lei está associada com a Aliança do Sinai que tem como referência
a pessoa de Agar. Já o evangelho está associado com a Aliança da Graça tendo
como referência no texto a pessoa de Sara.
I – A ALIANÇA DO SINAI.
1- Filhos para a
servidão.
Nos versículos acima citados há uma alegoria em que Agar é apresentada como
escrava e Sara como senhora. Agar é apresentada como mãe de todos os que
nasceram sobre o regime da lei. Pessoas que encontraram dificuldades para se
aproximarem de Deus foram limitadas a livre acesso a presença do Senhor.
Um
fato marcante é que a maioria dos acontecimentos da antiga aliança ocorreu no
deserto. E o deserto é sinônimo de limite.
Limite em confiar. Logo após a travessia
do mar vermelho que foi precedido pelo cântico de Moisés e pela dança de Miriam
com as mulheres israelitas é revelado o primeiro limite de uma pessoa que estar
no deserto o de confiar. Pela primeira vez é citado o que tornou presente na
palmilhação dos israelitas no deserto (Ex 15.24), a murmuração, que neste caso
foi com a seguinte pergunta: o que havemos de beber? Demonstração direta que o
povo não confiava em Deus que os tirou do Egito.
Limite em participar.
Já
nos capítulos dezenove e vinte de Êxodo o povo israelita tem a oportunidade de
ouvir a voz de Deus, porém os mesmos disseram a Moisés: Fala tu conosco, e
ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos (Ex 20.19). O povo
não conseguiu se relacionar com Deus que os tinha tirado do Egito. Logo o que
impede o indivíduo relacionar com Deus é o pecado.
Limite em conquistar.
De
doze homens que foram enviados para espiar a terra de Canaã apenas dois
continuaram crendo que a conquista seria real, pois quem tinha prometido era o criador
dos céus e da terra. Mas os outros tiveram medo dos habitantes da terra que
eram poderosos e gigantes, e cujas cidades eram fortes e grandes (Nm 13.28,33).
O terceiro limite do povo israelita no deserto é o medo. Se Deus é por nós o
que temeremos?
Limite em socializar.
Corá,
Datã e Abirão são exemplos de pessoas que não possuí habilidades para o
relacionamento. Estes levantaram contra a liderança de Moisés, porém ao mesmo
tempo estava levantado contra a direção de Deus (Nm 16.1-3). Pois, quem tinha
escolhido e enviado a pessoa de Moisés para guiar o povo no deserto foi o Deus
de Abraão, Isaque e de Jacó.
Limite em Ouvir. Os israelitas
poderiam ouvir as palavras de Calebe “Subamos animosamente e possuamo-la em
herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13. 30). Deste
episódio suje a seguinte pergunta: a quem estamos escutando? Os que creem na
promessa? Ou os que têm medo dos gigantes?
2- A lei gerou
discípulos.
Dentre os discípulos gerados no período da lei podem ser citado os profetas e
sacerdotes. Um dos oficiais de
Deus no Antigo Testamento foram os sacerdotes. A missão principal do sacerdote
era possibilitar a relação entre o homem e Deus. Ou seja, tinha como missão
levar o homem até Deus por meio de sacrifícios e pela oração intercessora.
Jesus em seu ministério foi Sacerdote perfeito, pois por meio da sua morte, Ele
Jesus foi o próprio sacrifício oferecido ao Pai para a salvação de todos que
creem.
No Antigo Testamento o homem deveria
aproximar se de Deus através de um sacrifício e manter-se junto de Deus por
meio da intercessão. O sacerdote era responsável pelo sacrifico e também pela
intercessão. Logo, o sacerdote era o elo entre o homem e Deus. Ao contrário do
profeta que era o elo entre Deus e o homem.
O profeta era o elo entre Deus e o homem, ou
seja, o ministério profético corresponde à atividade de entregar a mensagem de
Deus a quem lhe é direcionada. No Antigo Testamento a palavra de Deus foi
direcionada a líder político (1 Sm 15.10-23), a líder religioso (1 Sm 2.27-36) e
a profeta (1 Re 13.20-22) por meio do ministério profético.
II – A ALIANÇA DA GRAÇA.
1- Filhos para a
liberdade. Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus
(Ef 2.8). Salvação é a liberdade provinda da ação divina em entregar o seu
único filho para que os seres humanos venham a ter conhecimento da verdade e
serem libertos pelo conhecimento da verdade do evangelho (Jo 8.32).
2- Os discípulos
gerados da graça.
O evangelho proporciona salvação a todos que se entregam a Cristo. E todos os salvos
são discípulos do Senhor para propagarem a palavra da salvação. Por isso, a
igreja primitiva era firmada em quatro pilares: “E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42).
Doutrina dos
apóstolos. Os
apóstolos deram continuidade aos ensinamentos de Jesus, com isto a doutrina dos
apóstolos trata se do que eles receberam do Senhor. Doutrina fala se de ensino
transformativo. Práticas cristãs em que o amor deixa de ser um simples
sentimento e passa a ser motivo de ações frutíferas.
Comunhão. O termo no seu
original se define como participação e integração. A igreja primitiva vivenciava
a necessidade de cada irmão, com isto participavam de suas dores e alegrias e
se integravam no propósito de serem um como Jesus e o Pai.
No partir do pão. Indica que a igreja
se alimentava em conjunto. Podendo descrever o suprir das necessidades de um
para com os outros.
Nas Orações. A oração é além de tudo um diálogo entre o cristão e Deus. Na oração
há demonstração de reconhecimento do cristão para com Deus como provedor,
sustentador, pai, conselheiro e pastor.
Portanto,
com a pregação do evangelho todos os que ouvirem a mensagem sagrada terão o
livre arbítrio de escolherem se serão escravos do pecado ou livres pela graça.
Cabe a igreja de Cristo não silenciar mediante os limites proporcionados pela
perseguição do inimigo, mas em meio às dificuldades e obstáculos continuar
firme no propósito de pregar o evangelho transformador.
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