O conhecimento da Lei
Texto: 12- Porque todos os que sem lei pecaram,
sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão
julgados. 13- Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os
que praticam a lei hão de ser justificados. 14- Porque, quando os gentios, que
não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei,
para si mesmos são lei; 15- Os quais mostram a obra da lei escrita em seus
corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos,
quer acusando-os, quer defendendo-os; 16- No dia em que Deus há de julgar os
segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho. (Rm 2.12-16).
Para
o apóstolo Paulo a existência da lei está associada com a presença da
transgressão. Até existe um provérbio que enfatiza que “boas leis são
provenientes de más condutas”. Por isso, sabe que as leis foram mediadas para
que os hábitos maus fossem refreados. Nos escritos de Paulo aprende-se que a
existência da lei estar associada à disciplina e a educação, pois pelo meio
educativo os israelitas conheciam suas culpas. Portanto, a lei foi promulgada
não por causa da obediência de alguns, mas por causa da desobediência de
muitos. Porque a lei na sua instrução se aplica à corrupção humana.
Conceito de Lei
O
termo lei tem sua definição do substantivo hebraico torá que significa instrução
ou direção. Portanto, a palavra lei transmite a ideia de seta que corresponde
com objeto indicador do caminho. A aplicação que se faz da lei é que a lei é
uma seta que mostra o Caminho, isto é, a Torá indica para a pessoa de Jesus
Cristo que é o Caminho que conduz o ser humano à salvação.
A
lei é espiritual (Rm 7.14), pois a mesma é um reflexo moral de Deus. Por isso,
a lei instrui, mas ao mesmo tempo a lei intensifica o pecado. A intensificação
se dá por ser o indivíduo pecaminoso e apto para as coisas carnais.
A
lei também direciona, isto é, o ser humano passa a realizar o que é conforme o
querer de Deus. Porém, nas palavras de Jesus a lei e os profetas dependem de
dois mandamentos. O primeiro, amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento (Mt 22. 37), e o segundo mandamento corresponde com o amor ao
próximo (Mt 22. 39).
Em
suma, o amor é a mais nobre de todas as
leis; porém, os homens continuam mais a aprendê-la do que a pô-la em prática (CHAMPLIN,
p. 759).
Os tipos de Lei ou os preceitos da Lei
Não
existe mais de uma lei. O que existe são os preceitos da lei. E os preceitos da
lei estão divididos em morais, cerimoniais e civis. Porém, com linguagem
didática estes preceitos são definidos como os tipos de lei.
1- Lei moral. Os
preceitos morais visavam à normalização das relações sociais, e têm como essência
os dez mandamentos. Resumem-se em amar a Deus acima de todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo. Cristo viveu este preceito quando Ele se entregou por
toda a humanidade (Jo 3.16).
2- Lei cerimonial. Os
preceitos cerimoniais visavam à normalização do sacerdócio levítico. Jesus
cumpriu o sistema cerimonia da lei na sua morte (Mt 27.50,51).
3- Lei civil. Os
preceitos civis visavam à normalização das normas jurídicas e a prática da vida
social dos israelitas. Jesus transferiu os preceitos civis, ou valores
jurídicos para a igreja.
Leis citadas por Paulo na epístola aos
Romanos
Cerca
de 70 vezes o termo lei aparece na epístola aos Romanos e com amplo significado.
Na carta aos Romanos há sete tipos de leis citadas pelo o apóstolo.
1- Lei da Fé (Rm 3.27). Estar
associada a imposições, ou seja, esta lei requer fé da parte dos que são
chamados por Deus, também requer correta ação e é a lei da fé que os servos de
Deus seguem.
2- Lei do marido (Rm 7.2). Se
vive o marido a mulher estar ligada ao cônjuge. Morto o marido a mulher fica
livre. Logo, o apóstolo Paulo faz desta ilustração a seguinte aplicação:
morreu-se a lei, agora o cristão é livre para casar com a graça (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.379).
3- Lei de Deus (Rm 7.21). O termo lei de Deus aparece sete vezes na Bíblia. Quatro destas no
Antigo Testamento e estar associada com todo o Pentateuco (Js 24.26; Ne 8.8,18;
Ne 10.29). Já no Novo Testamento aparece três vezes (Rm 7.22.25; Rm 8.7) onde
há um contraste com a lei do pecado, logo a lei se associa com a ação divina
que transforma e santifica o ser humano.
4- Lei do entendimento (Rm 7.23). Para Champlin esta é a porção
mais nobre do homem, talvez em sua alma regenerada, ou pelo menos, da alma que
já recebeu certa dose de iluminação espiritual. Essa lei combate a lei interior
e corrupta (p.773).
5- Lei do pecado (Rm 7.23). Corresponde com a própria natureza do homem e impede este de fazer o
bem. Logo, esta é a lei do homem carnal.
6- Lei da morte (Rm 8.2). Termo que se associa com o princípio do mal e com a lei de Moisés. O
motivo desta se associar com a lei de Moisés estar na condenação proveniente da
lei.
7- Lei do Espírito (Rm 8.2). Se a lei do pecado condena e leva o homem a morte, a lei do Espírito
vivifica e conduz o homem à presença de Deus.
Portanto, no cumprimento da justiça da lei o
ser humano deixa de andar segundo a carne. A justiça da lei se manifesta no
amor de Deus outorgando aos homens a graça transformadora e libertadora, pois o
cumprimento da lei é o amor (Rm 13.10).
REFERÊNCIA
CHAMPLIN. R.N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 3. São Paulo: Hagnos, 2014.
RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de
Janeiro: Editora Central Gospel,
2013.
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