Judas
Iscariotes, discípulo que tomou o bocado molhado
Texto: E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite (Jo
13.30).
Judas
Iscariotes tornou-se conhecido pela traição a Jesus. O nome Judas tem como
significado o louvado e Iscariotes, homem de Queriote. Com base na definição do
nome compreende que Judas nasceu para louvar, porém conforme os relatos
históricos sintetiza que Judas é associado com características indignas: ladrão
e traidor.
Assim
como os demais apóstolos, Judas foi vocacionado para servir a Cristo no
ministério terreno, porém por ambição e por inspiração diabólica, de possível
ministério vitorioso, Judas torna-se vilão nos anais da história cristã.
Para
melhor compreensão a respeito da vida de Judas didaticamente é necessário dividi-la
em duas partes: Judas antes o bocado molhado e Judas pós o bocado molhado.
Antes
o bocado molhado Judas recebeu de Cristo o chamado e a função honrosa de cuidar
da bolsa, mas já dava sinais de desobediência e infidelidade (Jo 12.6). Na
segunda fase destaca-se o ato do beijo que explica a traição de Judas a Cristo.
O chamado de Judas
Conforme
a descrição do NT percebe-se a presença de três tipos de chamados definidos por
Deus para com os homens. Deus chama o homem para ser salvo. Deus chama o homem
para servir. E por fim, Deus chama o homem para ser glorificado com Ele no céu.
Com Judas não foi diferente. Deus chamou Judas para ser bem-sucedido no
ministério apostólico, porém, este não conseguiu manter-se firme até o fim.
1- Judas chamado, instruído
e enviado. Judas quando vocacionado por Cristo recebeu poder sobre
espíritos imundos, para expulsá-los e para curar as pessoas que eram cometidas
por enfermidades e por males (Mt 10.1). Ao escolher os discípulos Jesus
instrui-os para serem enviados e na primeira missão os apóstolos deveriam
cobrir uma área de 120 a 200 Km.
Mateus
registra no capítulo dez a missão dos doze. Há algo importante a ser observado
no capítulo, pois no versículo um, os doze são chamados de discípulos, isto é,
aprendizes, já no versículo dois os doze são chamados de apóstolos que
significa autoridade constituída.
Logo,
Judas foi aprendiz de Cristo e recebeu de Cristo autoridade para curar os
enfermos, limpar os leprosos, ressuscitar os mortos e para expulsar os demônios
(Mt 10.8).
Assim
como Judas nem todos os que são chamados permanecerão fiéis até o fim nas atribuições
da vocação.
2- Judas recebeu função
honrosa. Havia pessoas que honravam o ministério de Jesus. Lucas
registra o nome de algumas destas pessoas: Marai Madalena, Joana e Suzana (Lc
8.2,3). Conforme os costumes da época era costume que alguns mestres recebessem
ajuda financeira da parte de mulheres ricas. Portanto, havia a necessidade de
alguém do grupo tornar-se tesoureiro e Jesus atribui esta função ao apóstolo
Judas.
Quando
se trata de dinheiro na igreja os cristãos tornam-se propícios a cometerem dois
erros: erro teológico e erro prático.
O
erro teológico corresponde com justificativa teórica sem fundação Bíblica que
conduz o indivíduo a omitir a contribuição à obra de Deus. É necessário
compreender que dinheiro no Reino de Deus trata-se de uma temática
essencialmente espiritual. Já o erro prático corresponde com a concretização da
omissão, isto é, o indivíduo deixa de contribuir financeiramente para com o
crescimento da obra de Deus.
O
ministério de Jesus foi sustentado por pessoas piedosas e para a administração
dos recursos financeiros Ele nomeou Judas para cuidar da bolsa (Jo 12.6).
A saída de Judas
Já
era noite quando Judas saiu da presença de Jesus. Judas saiu para as trevas
naturais, porém ele já se encontrava nas trevas espirituais. A saída tinha como
propósito a traição. Entretanto, Iscariotes não só entregou o local onde
estaria Jesus, mas também conduziu uma multidão armada e com um beijo
identificou quem era o Mestre (Mt 26.47,48).
O
beijo era a maneira de saudar, porém o discípulo não poderia iniciar a
saudação, Judas quebra o protocolo e com um beijo não saudando a Cristo, mas
indicando para a multidão quem era Cristo. Logo, este não foi o beijo da
saudação, mas o beijo da traição.
De
discípulo vocacionado para um ministério brilhante e sendo honrado a servir a
Cristo como administrador financeiro Judas abandona por 30 moedas de prata,
equivalente a um terço do perfume em que Maria lavou os pés de Jesus.
Enquanto,
Maria honrou a Jesus demonstrando ao ungir os pés um gesto de devoção e ao
ungir a cabeça um gesto de honra, Judas ao contrário, demonstra menosprezo e
infidelidade.
A morte de Judas
Conforme
Mateus:
E ele, atirando para o
templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar (Mt
27.5).
Sobre
a morte de Judas assim escreve Lucas:
Ora, este adquiriu um campo
com o galardão da iniquidade e, precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as
suas entranhas se derramaram (At 1.18).
Ao
analisar as duas citações conclui-se que Judas foi-se enfocar em uma árvore que
estava no alto de um precipício e provavelmente o galho da árvore ou a corda teria
se quebrado e o corpo ao ser precipitado rebentou ao meio.
Por
fim, Judas era um homem materialista e ansiava para obter poder no reino
terreno. Por tal visão Judas foi desmoralizado em cada ensinamento do Senhor
Jesus, perdendo então a motivação por não compartilhar a visão messiânica. Judas
rejeita ao ministério do Messias e decide trair o Mestre. Judas se arrependeu
(Mt 27.3), mas de maneira negativa, isto é, reconheceu o pecado, porém não
voltou para Cristo, tendo como resultado um ato ainda pior, o suicídio.
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