Não temas, porque este filho terás
Texto: E aconteceu
que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: não temas, porque
também este filho terás (Gn 35.17).

O medo de Raquel
Toda mãe virtuosa trabalha para o sucesso do filho. O
amor materno inicia-se no período da gestação. É uma ligação de ternura e afeto,
somados com a proteção. O viver, o escolher, o decidir, o relacionar, enfim,
todas as atitudes da mãe passam a serem tomadas em prol daquilo que for melhor
para a criança.
Quando o agir tem como objetivo o sucesso do filho,
não indica que a mãe outorgará liberdade em todas as situações aos seus filhos,
mas ao contrário indica que esta por meio de suas virtudes ensinará o caminho
em que a criança deverá andar (Pv 22.6). Logo, se aprende que a mãe virtuosa
estará ao lado do filho, educando-o para o crescimento e satisfação.
O amor materno é citado por Isaías:
Pode uma mulher
esquecer-se tanto do filho que cria, que se não compadeça dele, do filho do seu
ventre? Mas, ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, me não esquecerei de ti (Is 49.15).
O amor materno outorga a manifestação do compadecer,
isto é, do apiedar. Olhar que se manifesta na ação da entrega para o bem do
outro. E neste caso no bem do próprio filho.
Raquel no momento em que sofria no parto não teve um
olhar para si mesma, mas para o filho que estava por vim. A palavra da parteira
outorga esta certeza: não temas, porque
também este filho terás. Logo, Raquel estava com medo de não ter aquele
filho. O medo de Raquel não pairava sobre a sua vida, mas sobre a existência do
filho.
O trabalho de parto provocou em Raquel o sofrimento e o medo de que seu segundo filho
nascesse morto se tornaram um símbolo para todas as mães que temem pela vida de
seus filhos (Jr 31.15; Mt 2.18). (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p. 86).
O que é necessário morrer para o nascimento do filho
da destra?
A criança ao nascer foi chamada primeiramente de
Benoni, isto é, filho de minha dor. Porém, Jacó preferiu chamá-lo de Benjamin,
que significa filho do meu poder, ou da minha destra. Portanto, Benjamin tinha
um lugar de honra na família.
João, o evangelista, registra as seguintes palavras do
Senhor Jesus:
Na verdade, na
verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas, se morrer, dá muito fruto (Jo
12.24).
Para que haja a multiplicação de frutos é necessário
que ocorra a morte do ego, do sentimentalismo de superioridade, da arrogância,
da ausência do domínio próprio, ou seja, é necessário que morra tudo aquilo que
impossibilita a aproximação para com o Senhor Jesus.
Benjamin poderia de fato ser visto como uma dor
manifestada para com a família, mas o patriarca Jacó não aceitou tamanha
desvalorização àquele que representava a benevolência do Senhor.
Para muitos o nascimento de Benjamin representa a
morte de Raquel, porém o que deverá ser analisado não em primeiro o nascimento
de Benjamin, mas a morte de Raquel proporcionou o nascimento de Benjamin. Assim
também se aprende que a morte de Jesus Cristo proporcionou, proporciona e
proporcionará a vida para todos aqueles que O aceitarem como Salvador.
Portanto, não temas porque este viverá. Que os sonhos
dos servos de Deus se concretizem para a honra e a glória do Senhor Jesus. Que nos
lares dos cristãos os filhos vivam em santidade mediante um mundo de corrupção,
pois a promessa descreve que o filho terá, portanto não temas.
Referência:
ALLEN,
Ronaldo B. RADMACHER, Earl D. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Editora
Central Gospel, 2013.
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