Deus é Fiel

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domingo, 1 de novembro de 2020

Subsídio para a aula da Escola Bíblica Dominical: A Teologia de Elifaz – Só os pecadores sofrem?

A Teologia de Elifaz – Só os pecadores sofrem?

A verdade prática permite compreender que Embora transcendente, Deus tem prazer em se relacionar com o homem terreno.

Com base na descrição da verdade prática, conclui-se que:

Deus é transcendente.

E, Deus tem prazer em relacionar com o homem.

Sobre a transcendência de Deus pode-se afirmar:

Ele é diferente e independente da sua criação [...]. Seu ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada [...]. Ele subsiste de modo absolutamente perfeito e puro, muito além daquilo que Ele criou. Ele mesmo é incriado e existe à parte da criação [...] A transcendência de Deus não significa, porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como Deus (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p. 915).

Lembrando que a presente lição tem como objetivo geral: Destacar o pensamento teológico de Elifaz que faz uma defesa contundente da religião tradicional segundo a qual somente os pecadores sofriam.

E como objetivos específicos:

Apontar a defesa de Elifaz acerca da justiça retributiva.

Mostrar a associação de Elifaz a respeito do pecado à quebra da tradição religiosa.

Identificar o abismo que Elifaz diz existir entre o Criador e a criatura.

I – OS PECADORES NO CONTEXTO DA JUSTIÇA RETRIBUTIVA

Elifaz apresenta em suas palavras a teologia tradicional. Teologia que argumenta a respeito da justiça retributiva.

Sobre as palavras de Elifaz pode concordar que existe a lei da semeadura e da colheita, assim como o homem colherá conforme o que plantou.

Portanto, o erro de Elifaz foi agir precipitadamente em aplicar a teologia retributiva ao patriarca Jó. Pois, para Elifaz o patriarca Jó estava em pecado, pois o seu sofrimento era uma prova disso. Se ele não estivesse em pecado, não estaria sofrendo, pois somente os maus passam por calamidade (GONÇALVES, 2020, p. 79).

Um dos ensinos da teologia tradicional apresentada pelos amigos de Jó é associar o sofrimento ao pecado atual e não ao pecado original.

Não pode desassociar as consequências do pecado, tanto do original como do atual. Pois, o pecado consumado traz consigo as consequências. Porém, não é cabível ao cristão definir o sofrimento de alguém ao pecado consumado pelo mesmo, pois a Deus pertence o juízo.

Com base nas palavras de Jó para com Elifaz percebe-se que o patriarca tinha como conhecimento que o seu sofrimento provinha da parte de Deus, assim como do conhecimento ou permissão do Criador.

[...] Jó conhecia Deus como a causa primária de todas as coisas. Se algo aconteceu, é porque ele causou ou permitiu; contudo, ele desconhecia as causas secundárias que agiam nos bastidores. Nem tudo era ação direta de Deus. O Diabo estava na trama (GONÇALVES, 2020, p. 81).

II – OS PECADORES NO CONTEXTO DA TRADIÇÃO RELIGIOSA

Um dos pilares instrutivo da teologia tradicional era que os bons prosperavam, enquanto os maus sofriam. Por isso, Elifaz percebia que a justificativa do patriarca era uma ameaça aos princípios da religiosidade da época.

Sobre os versículos 4, 5, 6 e 7 do capítulo 15 pode-se concluir que:

[...] expressa uma concordância irônica com as palavras anteriores de Jó (9.20). Mas Elifaz distorce propositalmente as palavras do amigo para dizer que Jó não precisa mais comparecer ao tribunal porque sua própria boca já o incriminou.

15.7 – És tu, porventura, o primeiro homem que foi nascido? Esta pergunta sarcástica antecipa um tema desenvolvido no discurso do Senhor (Jó 38.4-21) (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, 2013, p. 799).

O sarcasmo de Elifaz é explicado por causa do lamento de Jó no que se refere o homem ser nascido de mulher (Jó 14.1).

III – OS PECADORES DIANTE DE UM DEUS INFINITO

A transcendência de Deus é destacável no argumento de Elifaz conforme o capítulo 22, porém em sua argumentação destacava que Deus estaria distante e não se importava com o que acontecia na terra. Já no que se referia ao patriarca, Elifaz enfatizava que Jó deveria se arrepender.

Em resposta a Elifaz o patriarca buscava saber e entender a causa de seu sofrimento, e não buscava vencer o debate, pois para Jó Deus é quem o justifica, e Deus preocupa-se com os homens.

Lembrando que Elifaz insinuava que Jó confiava em seus bens e não em Deus. Argumento que Jó refutou ao declarar que tinha guardado o caminho de Deus, ou seja, que tinha palmilhado no caminho do Senhor (Jó 23.10-12).

Por fim, de uma forma simples, Deus não está tão distante da sua criação (transcendência) a ponto de não se relacionar com ela, mas também não está tão próxima (imanência) a ponto de misturar-se com ela. Portanto, o contraste entre o entendimento de Elifaz, que via Deus de forma transcendente, com a resposta de Jó, que o via também de forma imanente, permite que se veja onde a teologia estava sendo mal aplicada. Uma teologia errada conduz a uma crença igualmente errada (GONÇALVES, 2020, p. 86).

Referência:

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

GONÇALVES. José. A fragilidade humana e a Soberania Divina: O sofrimento e a restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico VelhoTestamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.

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