A Teologia de Elifaz – Só os pecadores sofrem?
A verdade prática permite compreender que Embora transcendente, Deus tem prazer em se relacionar com o
homem terreno.
Com base na
descrição da verdade prática, conclui-se que:
Deus é
transcendente.
E, Deus tem
prazer em relacionar com o homem.
Sobre a
transcendência de Deus pode-se afirmar:
Ele é diferente e
independente da sua criação [...]. Seu ser e sua existência são infinitamente
maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada [...]. Ele subsiste de
modo absolutamente perfeito e puro, muito além daquilo que Ele criou. Ele mesmo
é incriado e existe à parte da criação [...] A transcendência de Deus não
significa, porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como Deus (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p. 915).
Lembrando que a presente lição tem como
objetivo geral: Destacar o pensamento teológico de Elifaz
que faz uma defesa contundente da religião tradicional segundo a qual somente
os pecadores sofriam.
E como objetivos específicos:
Apontar a defesa de Elifaz
acerca da justiça retributiva.
Mostrar a associação de Elifaz
a respeito do pecado à quebra da tradição religiosa.
Identificar o abismo que
Elifaz diz existir entre o Criador e a criatura.
I – OS PECADORES NO CONTEXTO
DA JUSTIÇA RETRIBUTIVA
Elifaz apresenta em suas palavras a teologia
tradicional. Teologia que argumenta a respeito da justiça retributiva.
Sobre as palavras de Elifaz pode concordar
que existe a lei da semeadura e da colheita, assim como o homem colherá
conforme o que plantou.
Portanto, o erro de Elifaz foi agir
precipitadamente em aplicar a teologia retributiva ao patriarca Jó. Pois, para
Elifaz o patriarca Jó estava em pecado, pois o seu sofrimento
era uma prova disso. Se ele não estivesse em pecado, não estaria sofrendo, pois
somente os maus passam por calamidade (GONÇALVES, 2020, p. 79).
Um dos ensinos da teologia tradicional
apresentada pelos amigos de Jó é associar o sofrimento ao pecado atual e não ao
pecado original.
Não pode desassociar as consequências do
pecado, tanto do original como do atual. Pois, o pecado consumado traz consigo
as consequências. Porém, não é cabível ao cristão definir o sofrimento de
alguém ao pecado consumado pelo mesmo, pois a Deus pertence o juízo.
Com base nas palavras de Jó para com Elifaz
percebe-se que o patriarca tinha como conhecimento que o seu sofrimento
provinha da parte de Deus, assim como do conhecimento ou permissão do Criador.
[...] Jó conhecia Deus
como a causa primária de todas as coisas. Se algo aconteceu, é porque ele
causou ou permitiu; contudo, ele desconhecia as causas secundárias que agiam
nos bastidores. Nem tudo era ação direta de Deus. O Diabo estava na trama
(GONÇALVES, 2020, p. 81).
II – OS PECADORES NO
CONTEXTO DA TRADIÇÃO RELIGIOSA
Um dos pilares instrutivo da teologia tradicional
era que os bons prosperavam, enquanto os maus sofriam. Por isso, Elifaz
percebia que a justificativa do patriarca era uma ameaça aos princípios da
religiosidade da época.
Sobre os versículos 4, 5, 6 e 7 do capítulo
15 pode-se concluir que:
[...] expressa uma
concordância irônica com as palavras anteriores de Jó (9.20). Mas Elifaz distorce
propositalmente as palavras do amigo para dizer que Jó não precisa mais comparecer
ao tribunal porque sua própria boca já o incriminou.
15.7 – És tu, porventura,
o primeiro homem que foi nascido? Esta pergunta sarcástica antecipa um tema
desenvolvido no discurso do Senhor (Jó 38.4-21) (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, 2013, p. 799).
O sarcasmo de Elifaz é explicado por causa do
lamento de Jó no que se refere o homem ser nascido de mulher (Jó 14.1).
III – OS PECADORES DIANTE DE
UM DEUS INFINITO
A transcendência de Deus é destacável no
argumento de Elifaz conforme o capítulo 22, porém em sua argumentação destacava
que Deus estaria distante e não se importava com o que acontecia na terra. Já no
que se referia ao patriarca, Elifaz enfatizava que Jó deveria se arrepender.
Em resposta a Elifaz o patriarca buscava
saber e entender a causa de seu sofrimento, e não buscava vencer o debate, pois
para Jó Deus é quem o justifica, e Deus preocupa-se com os homens.
Lembrando que Elifaz insinuava que Jó
confiava em seus bens e não em Deus. Argumento que Jó refutou ao declarar que
tinha guardado o caminho de Deus, ou seja, que tinha palmilhado no caminho do
Senhor (Jó 23.10-12).
Por fim, de uma
forma simples, Deus não está tão distante da sua criação (transcendência) a
ponto de não se relacionar com ela, mas também não está tão próxima (imanência)
a ponto de misturar-se com ela. Portanto, o contraste entre o entendimento de
Elifaz, que via Deus de forma transcendente, com a resposta de Jó, que o via
também de forma imanente, permite que se veja onde a teologia estava sendo mal
aplicada. Uma teologia errada conduz a uma crença igualmente errada (GONÇALVES,
2020, p. 86).
Referência:
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro:
CPAD, 1995.
GONÇALVES. José. A fragilidade humana e a Soberania Divina: O sofrimento e a restauração
de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
RADMACHER,
Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O
Novo comentário Bíblico VelhoTestamento. Rio de Janeiro: Editora Central
Gospel, 2013.
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