Deus é Fiel

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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Subsídio para a aula da Escola Bíblica Dominical: A Teologia de Bildade – Se há sofrimento, há pecado oculto?

 

Subsídio para a aula da Escola Bíblica Dominical: A Teologia de Bildade – Se há sofrimento, há pecado oculto?

A verdade prática permite compreender que A existência do sofrimento não quer dizer que haja pecado oculto.

Com base na descrição da verdade prática, conclui-se que:

Justos e injustos passam por sofrimento.

Sofrimento nem sempre está associado com o pecado.

Sobre o texto áureo pode-se afirmar:

Nesse texto, Bildade causa mais dor e sofrimento a Jó quando envolve os seus filhos na sua argumentação. Segundo Bildade, os filhos de Jó morreram porque cometeram pecado. Deus punira-os com a morte. Ele estava convencido de que isso só aconteceu porque as ações pecaminosas deles haviam transbordado. Dessa forma, Deus foi totalmente justo em tê-los matado. Como ficará demonstrado posteriormente, Jó sentiu-se muito ferido com essas palavras. O amigo nem mesmo lembrou que Jó intercedia pelos seus filhos e santificava-se por eles (GONÇALVES, 2020. p. 88,89).

Lembrando que a presente lição tem como objetivo geral: Mostrar que nem sempre o sofrimento é consequência de um pecado oculto, como pensava Bildade.

E como objetivos específicos:

Destacar o argumento de Bildade que contrastava o pecado com o caráter santo e reto de Deus.

Explicar a concepção de Bildade que associava o pecado à quebra da moralidade religiosa.

Esclarecer a argumentação de Bildade que contrapunha a pequenez humana com a grandeza de Deus.

I – O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS

Bildade assim como Elifaz, apresenta argumentação voltada para a teologia tradicional. Enquanto Elifaz argumentava sobre a justiça retributiva como resultado do pecado de Jó, Bildade argumenta sobre a linha de pensamento desta teologia que corresponde com a existência do sofrimento, tendo como origem o pecado oculto. O que de comum ocorre entre os argumentos destes amigos de Jó corresponde à teologia tradicional.

O que se pode afirmar de positivo da visão de Bildade corresponde com a argumentação retórica de que Deus é justo e reto. Porém, no que corresponde a negatividade da ótica de Bildade, percebe-se na limitação deste conselheiro em compreender a natureza de Deus.

Bildade usa metáforas da natureza para amparar sua crença de que, nesta vida, Deus castiga apenas os maus e sempre recompensa os retos. Ele deduz equivocadamente que se pode determinar a causa observando apenas o efeito. O simplismo excessivo que resulta em respostas prontas e inadequadas é um erro comum dos conselheiros de Jó (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, 2013, p. 793).

II – O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL

Bildade transcreve no seu segundo conselho a respeito do moralismo tradicional. Sendo que moral corresponde a Princípios que regem a vida do ser humano, mostrando-lhe o que é certo e o que é errado (ANDRADE, 1997, p. 184).

Porém, dos argumentos de Bildade não há possibilidade em compreender a respeito da ética e da moral, no sentido prático e universal, mas ao contrário compreende-se a respeito da moral tradicional.

Em afirmação ao moralismo tradicional Bildade utiliza o termo perverso, tendo como sentido injusto, termo em que Bildade associa à pessoa de Jó. Em resposta, o patriarca inicia o seu argumento com a seguinte fala: Até quando vocês continuarão a atormentar-me, e a esmagar-me com palavras? (Jó 19.2).

Texto em que Jó se mostra cansado em ouvir os argumentos interrogativos de Bildade, assim como angustiado pelas palavras de seus amigos. Mas, o patriarca em resposta ao seu segundo amigo outorga como aprendizagem para os cristãos da atualidade, a contemplação da cruz: Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).

[...] Aqui se entreve uma esperança forte e resoluta em um Intercessor entre Deus e a humanidade. No fim das contas, o anelo de Jó por um Advogado foi atendido em um anseio pela manifestação de Jesus Cristo (1 Tm 2.5) (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, 2013, p. 801).

III – O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS

O terceiro discurso de Bildade está registrado no capítulo 25, neste momento o argumento se resume em exaltar a Deus e humilhar o patriarca Jó. Porém, conforme se ler no capítulo fica nítido a criação de um abismo entre Deus e o homem.

João Crisóstomo observa que Bildade não deve ser reprovado por ter defendido um atributo de Deus, o que é normal. No entanto, ele não deveria ter condenado Jó. Era possível defender os atributos de Deus sem acusar o seu amigo (GONÇALVES, 2020, p. 95).

Em resposta Jó apresenta a transcendência divina. Pois, Deus é:

[...] diferente e independente da sua criação [...]. Seu ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada [...]. Ele subsiste de modo absolutamente perfeito e puro, muito além daquilo que Ele criou. Ele mesmo é incriado e existe à parte da criação [...] A transcendência de Deus não significa, porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como Deus (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p. 915).

Por fim, mesmo sendo onipotente Deus está presente com a criação.

Referência:

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

GONÇALVES. José. A fragilidade humana e a Soberania Divina: O sofrimento e a restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico VelhoTestamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.

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