Subsídio
para a aula da Escola Bíblica Dominical: A Teologia de Bildade
– Se há sofrimento, há pecado oculto?
A verdade prática permite compreender que A existência do sofrimento não quer dizer que haja pecado
oculto.
Com base na
descrição da verdade prática, conclui-se que:
Justos e
injustos passam por sofrimento.
Sofrimento
nem sempre está associado com o pecado.
Sobre o
texto áureo pode-se afirmar:
Nesse texto, Bildade causa
mais dor e sofrimento a Jó quando envolve os seus filhos na sua argumentação.
Segundo Bildade, os filhos de Jó morreram porque cometeram pecado. Deus
punira-os com a morte. Ele estava convencido de que isso só aconteceu porque as
ações pecaminosas deles haviam transbordado. Dessa forma, Deus foi totalmente
justo em tê-los matado. Como ficará demonstrado posteriormente, Jó sentiu-se
muito ferido com essas palavras. O amigo nem mesmo lembrou que Jó intercedia
pelos seus filhos e santificava-se por eles (GONÇALVES, 2020. p. 88,89).
Lembrando que a presente lição tem como
objetivo geral: Mostrar que nem sempre o sofrimento é
consequência de um pecado oculto, como pensava Bildade.
E como objetivos específicos:
Destacar o argumento de
Bildade que contrastava o pecado com o caráter santo e reto de Deus.
Explicar a concepção de
Bildade que associava o pecado à quebra da moralidade religiosa.
Esclarecer a argumentação de
Bildade que contrapunha a pequenez humana com a grandeza de Deus.
I – O PECADO EM CONTRASTE
COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS
Bildade assim como Elifaz, apresenta argumentação
voltada para a teologia tradicional. Enquanto Elifaz argumentava sobre a
justiça retributiva como resultado do pecado de Jó, Bildade argumenta sobre a
linha de pensamento desta teologia que corresponde com a existência do
sofrimento, tendo como origem o pecado oculto. O que de comum ocorre entre os
argumentos destes amigos de Jó corresponde à teologia tradicional.
O que se pode afirmar de positivo da visão de
Bildade corresponde com a argumentação retórica de que Deus é justo e reto. Porém,
no que corresponde a negatividade da ótica de Bildade, percebe-se na limitação deste
conselheiro em compreender a natureza de Deus.
Bildade usa metáforas da
natureza para amparar sua crença de que, nesta vida, Deus castiga apenas os
maus e sempre recompensa os retos. Ele deduz equivocadamente que se pode
determinar a causa observando apenas o efeito. O simplismo excessivo que
resulta em respostas prontas e inadequadas é um erro comum dos conselheiros de
Jó (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, 2013, p. 793).
II – O PECADO VISTO COMO
QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL
Bildade transcreve no seu segundo conselho a
respeito do moralismo tradicional. Sendo que moral corresponde a Princípios que regem a vida do ser humano, mostrando-lhe
o que é certo e o que é errado (ANDRADE,
1997, p. 184).
Porém, dos argumentos de Bildade não há
possibilidade em compreender a respeito da ética e da moral, no sentido prático
e universal, mas ao contrário compreende-se a respeito da moral tradicional.
Em afirmação ao moralismo tradicional Bildade
utiliza o termo perverso, tendo como sentido injusto, termo em que Bildade
associa à pessoa de Jó. Em resposta, o patriarca inicia o seu argumento com a
seguinte fala: Até quando vocês continuarão a atormentar-me,
e a esmagar-me com palavras? (Jó 19.2).
Texto em que Jó se mostra cansado em ouvir os
argumentos interrogativos de Bildade, assim como angustiado pelas palavras de
seus amigos. Mas, o patriarca em resposta ao seu segundo amigo outorga como
aprendizagem para os cristãos da atualidade, a contemplação da cruz: Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se levantará
sobre a terra (Jó 19.25).
[...] Aqui se entreve uma
esperança forte e resoluta em um Intercessor entre Deus e a humanidade. No fim
das contas, o anelo de Jó por um Advogado foi atendido em um anseio pela manifestação
de Jesus Cristo (1 Tm 2.5) (RADMACHER;
ALLEN; HOUSE, 2013, p. 801).
III – O PECADO EM CONTRASTE
COM A MAJESTADE DE DEUS
O terceiro discurso de Bildade está
registrado no capítulo 25, neste momento o argumento se resume em exaltar a
Deus e humilhar o patriarca Jó. Porém, conforme se ler no capítulo fica nítido
a criação de um abismo entre Deus e o homem.
João Crisóstomo observa
que Bildade não deve ser reprovado por ter defendido um atributo de Deus, o que
é normal. No entanto, ele não deveria ter condenado Jó. Era possível defender
os atributos de Deus sem acusar o seu amigo (GONÇALVES, 2020, p. 95).
Em resposta Jó apresenta a transcendência
divina. Pois, Deus é:
[...] diferente e
independente da sua criação [...]. Seu ser e sua existência são infinitamente
maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada [...]. Ele subsiste de
modo absolutamente perfeito e puro, muito além daquilo que Ele criou. Ele mesmo
é incriado e existe à parte da criação [...] A transcendência de Deus não
significa, porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como Deus (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p. 915).
Por fim,
mesmo sendo onipotente Deus está presente com a criação.
Referência:
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD,
1997.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro:
CPAD, 1995.
GONÇALVES. José. A fragilidade humana e a Soberania Divina: O sofrimento e a restauração
de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
RADMACHER,
Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O
Novo comentário Bíblico VelhoTestamento. Rio de Janeiro: Editora Central
Gospel, 2013.
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