TEXTO: Este
Esdras subiu de Babilônia; e era escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo
Senhor, Deus de Israel; e, segundo a mão do Senhor, seu Deus, que estava sobre
ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira. (Ed 7.6).
Introdução
Os escribas eram no início apenas escrivães, que
tinha como objetivo do ofício copiar as Escrituras. Porém, com o passar do
tempo, tornaram conhecedores da Lei e assim, passaram a interpretá-la. Tal
circunstancia os torna mestres da lei ou eruditos bíblicos.
I – ESCRIBAS, MESTRES DA LEI.
1- Conhecendo os escribas. Os escribas eram
os doutores da Lei. No princípio os escribas eram apenas escreventes, cuja
função era copiar as Escrituras. A escrita primitiva da Bíblia era manuscrito,
e tudo era realizado pelos escribas de modo laborioso, lento e oneroso.
Laborioso, pois correspondia à entrega do escriba ao trabalho. Lento, pois era
um trabalho que não deveria ter falhas e nem borrões, deveria ser perfeito.
Oneroso, cujo trabalho tinha despesas.
Portanto, de copiadores os escribas passaram a
serem doutores da Lei, ou seja, conhecedores da Lei. Segundo as tradições
judaicas Moisés é de fato a maior autoridade da Lei em todos os tempos, porém,
Esdras o sacerdote e também escriba é a segunda maior autoridade da Lei.
A Lei trata-se dos cinco primeiros livros da Bíblia
Sagrada que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São pelos
judeus também chamados de Torá. Lei tem como significado seta, ou seja, seta
que indica o caminho. Na Bíblia Sagrada, vários são os nomes tais como: Lei (Js
8.34), Lei de Moisés (Js 8.31), Livro da Lei (2 Re 22.11) Lei do Senhor (2 Cr
12.1) e Lei de Deus (Ed 7.14).
2- Funções do escriba. Duas eram as
funções do escriba: primeira função, copiar as Escrituras sem borrões e havia
uma entrega disciplinar ao trabalho; segunda função, ensinar as Escrituras. O
trabalho de um escriba no copiar as Escrituras deveria ser perfeito. A cada
erro o trabalho era reiniciado, pois Deus é santo, portanto a Escritura não
deveria ser cometida de falhas nos manuscritos.
II – ESDRAS ESCRIBA POR
EXCELÊNCIA.
1- Ofícios executados por Esdras. Esdras
segundo a tradição judaica morreu com a idade de 120 anos e em vida exerceu a
atividade ministerial de sacerdote, escriba e escritor.
Como sacerdote Esdras tinha a função de levar o
povo a Deus. Cuja missão era pedir perdão pelos pecados cometidos e de fato
interceder para que dias melhores viesse ao povo de Israel. E como escriba
Esdras tinha como missão copiar e ensinar a Lei. E como escritor Esdras é um
dos quarenta homens que estão agrupados como escritores de livros que compõem a
Escritura Sagrada.
2- Legado de um escriba. Na Bíblia
encontraremos citações que corroboram para o ministério bem sucedido de Esdras
como escriba. Esdras era de fato escriba hábil (Ed 7.6), que tinha preparado
seu coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumprir, e para ensinar em
Israel os estatutos e os direitos da Lei (Ed 7.10).
Ministério bem sucedido abrange atitude, dedicação
e santificação. Esdras teve como atitude preparar o coração para buscar a Lei
do Senhor, com esta atitude o sacerdote e também escriba era de fato um homem
preocupada em se posicionar diante do Senhor em santidade, pois não há santidade
sem a palavra do Senhor (Jo 17.17, Sl 119.9), e por fim, Esdras era dedicado no
cumprir e no ensinar os estatutos (Ed 7.10).
3- Legado de um sacerdote. Em Neemias 8. 2,4 e 5 há três maneiras em
que se refere a Esdras: e Esdras, o sacerdote (v.2), e Esdras, o escriba (v.4)
e Esdras abriu o livro (v.5). Como sacerdote Esdras conduziu a Lei até ao povo
e como escriba Esdras ensinou ao povo abrindo a Lei perante os olhos do povo e
juntamente com os auxiliares de tal evento leram o livro da Lei de Deus, e
declarando e explicando o sentido faziam que, lendo, se entendesse (Ne 8.8). De
fato, houve avivamento nesta atitude nobre de Esdras em levar a Lei perante a
congregação (Ne 8.2).
As
consequências no meio cristão quando não há exposição da Palavra de Deus são
catastróficas. Segundo os escritos do profeta Oseias na ausência do conhecimento
da Palavra de Deus a destruição será completa, “o meu povo foi destruído” (Os
4.6), e também, ministros são rejeitados por rejeitarem o conhecimento do
Senhor.
Porém,
as consequências não param por aí, há mais efeitos como, por exemplo, a ausência
de crescimento. O apóstolo Pedro escreveu na sua segunda epístola; “antes,
crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe
3.18). Portanto, não havendo explanação da Palavra de Deus não há crescimento,
ou seja, o povo não é edificado.
Os
judeus afirmam que se a Lei não tivesse sido dada por Moisés, Esdras mereceria
a honra de legislar os hebreus.
III – ESCRIBAS NO NOVO
TESTAMENTO.
1- Atitudes não louváveis. Nos dias de Jesus
os escribas são citados pelos evangelistas com características totalmente
contrárias as virtudes de Esdras.
a) os escribas buscavam reconhecimento e honra humana (Mc 12. 38-40). O orgulho foi de fato o motivo principal que deu origem
ao pecado (Is 14.14). Os líderes não são chamados e empossados para serem
reconhecidos e aplaudidos por
seus conterrâneos, mas unicamente para glorificarem a Deus por meio do exercício
eficaz do chamado.
b) os escribas buscavam falhas
em Jesus (Lc 6.7). E por
serem doutores da Lei os mesmos não conheciam o Filho do Homem como Senhor do
sábado (Lc 6.5).
c) os escribas buscavam matar
a Jesus (Lc 22.2). De
fato os sacerdotes e escribas temiam ao povo, porém como propósito os mesmo
desejavam matar a Jesus.
2-
Escribas, mestres sem autoridade no ensino. Jesus ensina princípios
espirituais e morais no Sermão da Montanha, como: as beatitudes (Mt 5.1-12), a
identidade cristã em ser sal e luz (Mt 5.13-16), e outras questões básicas da
vida cristã (esmola, oração e jejum – Mt 6.1-18). Quando Jesus concluiu seu
Sermão da Montanha a multidão admirou da sua doutrina e comparou o ensino de
Jesus superior ao dos escribas, pois Jesus ensinava com autoridade e os
escribas não.
Porém, o que torna
um ensino com a presença ou não de autoridade é:
a) A dedicação à aprendizagem: um bom exemplo de tal
dedicação é a do escriba Esdras que preparou o seu coração para buscar a Lei do
Senhor (Ed 7.10). Ao contrário de Esdras eram os escribas neotestamentário que
não se preparam ao buscar conhecimento na Lei do Senhor. Se não há dedicação no
ensino não a autoridade, Paulo escreve à igreja em Roma e enfatiza que “se é
ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.9).
b) A humildade: nos dias de Jesus os escribas
buscavam reconhecimentos por parte dos homens por aquilo que eram (Mc
12.38-40). Logo, os escribas eram orgulhosos por serem escribas e não por terem
a oportunidade de servirem a Deus, que é o dono de todas as coisas e estar no
controle de todas as coisas (Is 40.22). Jesus sendo Senhor e Mestre não teve
por usurpação ser servido por seus discípulos, mas pelo contrário serviu aos
discípulos (Jo 13.14). Se não há humildade não haverá autoridade, pois a
humildade é o reconhecimento de que a obra pertence a Deus.
c) Conhecimento do chamado: quando o indivíduo conhece o
motivo pelo qual foi chamado, logo conhece aquele que o chamou. À pessoa de Deus
nós devemos oferecer o melhor. Fomos chamados para servir e devemos obedecer e
agradar ao Senhor no serviço cristão. Se não há conhecimento do chamado não
haverá autoridade no ensino.
Os escribas do
período de Jesus não tinham autoridade no ensino por três motivos: não
dedicavam ao ensino, não eram humildes e não conheciam de fato o motivo pelo
qual os mesmo eram escribas. Como escribas eles deveriam saber a real motivação
que levou a ser escrito o livro de Jonas. O livro de Jonas foi escrito para
servir de estímulo a qualquer mestre ou professor a melhorar seus métodos de
ensino, pois tal livro é didático e os escribas deveriam conhecer o seu real
propósito, porém Jesus é o Mestre dos mestres.
CONCLUSÃO
Com os oficiais chamados de escriba aprendemos que a dedicação é importante para exercermos de maneira eficaz aquilo pelo qual Deus nos vocacionou para realizarmos em sua obra. E o nosso trabalho deverá ser executado com dedicação e humildade. Pois, os que assim exercem o seu ofício serão lembrados por seus legados, assim como foi Esdras.
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