Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo
Na segunda parte da Epístola o apóstolo Paulo trata-se basicamente
das doutrinas bíblicas. Sendo que a doutrina da salvação é analisada de maneira
sistemática. A fé é analisada e exemplificada no modelo de vida de Abraão o pai
de todos. Portanto, a justificação para se concretizar teve como ponto
fundamental, a morte e a ressurreição de Jesus, pois sem a ressurreição de
Jesus Cristo não haveria justificação. A ressurreição aprovou as palavras de
Jesus, a vida de Jesus e as obras de Jesus. Logo, sem ressurreição não haveria
a salvação.
I – A JUSTIFICAÇÃO MANIFESTADA
Para compreender o tema, justificação manifestada, três versículos
são necessários para estudo (Rm 3.21,24 e 25).
Mas, agora, se manifestou,
sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas
(v.21).
A primeira doutrina fortemente descrita pelo apóstolo Paulo foi à
doutrina do pecado. O parágrafo que se inicia em Rm 3.21, demonstra que o
apóstolo apresenta uma solução direta para os efeitos negativos do pecado, pois se manifestou, a justiça de Deus.
Justiça é um termo muito comum no contexto jurídico. A justiça de Deus se
manifestou sem lei, declaração de que a retidão é categoricamente determinante
separadamente de qualquer lei (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.369).
Sendo justificados gratuitamente
pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus (v.24).
A palavra redenção (gr. apolytrosis), é de natureza econômica e é usado por Paulo em
um sentido teológico para descrever como Cristo pagou a penalidade requerida
por Deus para os nossos pecados (a saber, a morte), entregando a Sua própria
vida na cruz. Quando nós aceitamos a Jesus, Ele nos livra do pecado (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.397).
Ao qual Deus propôs para propiciação
pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos, sob a paciência de Deus (v.25).
A justiça de Deus foi satisfeita pelo intermédio da morte de Jesus
sobre a cruz, tendo como objetivo outorgar a remissão dos pecados para todos os
que estavam longe da presença de Deus.
II – A JUSTIFICAÇÃO
CONTESTADA (Rm 3.27-31)
Conforme o comentarista a
justificação no presente texto se opõe a salvação meritória, ao orgulho e ao
antinomismo.
A salvação é mediante a fé em
Jesus Cristo, e isto não corresponde ao mérito do indivíduo em ser ou em ter
alguma coisa, mas ao fato da obra de Jesus que tem revelado a todos os homens o
grande amor divino.
O orgulho impossibilita as
pessoas.
O orgulho impossibilita os indivíduos
de se chegarem a Deus.
O orgulho impossibilita as
pessoas de agradarem a Deus.
O termo lei tem sua definição do
substantivo hebraico torá que significa instrução ou direção. Portanto, a
palavra lei transmite a ideia de seta que corresponde com objeto indicar o
caminho. A aplicação que se faz da lei é que a lei é uma seta que mostra o
Caminho, isto é, a Torá indica para a pessoa de Jesus Cristo que é o Caminho
que conduz o ser humano à salvação.
A lei é espiritual (Rm 7.14),
pois a mesma é um reflexo moral de Deus. Por isso, a lei instrui, mas ao mesmo
tempo a lei intensifica o pecado. A intensificação se dá por ser o indivíduo
pecaminoso e apto para as coisas carnais.
A lei também direciona, isto é, o
ser humano passa a realizar o que é conforme o querer de Deus. Porém, nas
palavras de Jesus a lei e os profetas dependem de dois mandamentos. O primeiro,
amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todo o teu pensamento (Mt 22. 37), e o segundo mandamento corresponde com o
amor ao próximo (Mt 22. 39).
Em suma, o amor é a mais nobre de
todas as leis; porém,
os homens continuam mais a aprendê-la do que a pô-la em prática (CHAMPLIN, p. 759).
III – A JUSTIFICAÇÃO
EXEMPLIFICADA (Rm 4.1-25)
Abraão é um dos maiores vultos da
história. Dele descendem os judeus e os árabes. Estes últimos por parte de
Ismael. De Abrão, pai da altura passou a ser chamado de Abraão que tem por
significado pai de uma multidão de nações (Gn 17.5). Foi chamado aos 75 anos de
idade (Gn 12.4), teve o nome mudado aos 99 anos de idade (Gn 17.1) e teve o seu
filho aos 100 anos de idade (Gn 21.5).
Dentre as características de
Abraão três em especial chamam atenção: primeira, foi chamado de amigo de Deus
(Is 41.8); segunda característica, é chamado de o fiel Abraão (Gl 3.9) e por
fim, como terceira característica, é considerado como o pai de todos nós (Rm
4.16).
Característica do chamado de Abraão. O chamado de Abraão teve características que o
diferencia de outros personagens bíblicos.
1.1- Em primeiro o chamado de Abraão foi pela fé (Hb
11.8). Isto indica que o patriarca não
andava por vista (2 Co 5.7), mas por ser justo viveu pela fé, pois o justo
viverá pela fé (Rm 1.17) e o mesmo sabia que sem fé é impossível agradar a Deus
(Hb 11.6).
1.2- Já em segundo, o chamado de Abraão exigiu a mudança
de localidade. A mudança foi de Ur dos caldeus
para ir a Canaã (Gn 11.31). A primeira mudança que Deus requer do ser humano ao
chamá-lo é que o mesmo mude de atitudes. Atitude é a tendência de uma pessoa em
julgar tais objetos como bons ou ruins, desejáveis ou indesejáveis. Portanto,
há atitudes que menosprezam o próprio ser das pessoas, tais como atitudes
egoístas, que não visualizam a vontade de Deus para si.
1.3- E em terceiro o chamado de Abraão teve um preço a
ser pago. A renúncia da terra, da
parentela e da casa são demonstrações do preço elevado pago por Abraão (Gn 12.
1). Abraão renunciou a terra natal, o conforto do lar, os amigos, o tradicional
estilo de vida, o direito de habitar entre os teus, o direito de ter uma
velhice tranquila e o direito de dirigir a sua própria vida. Renunciar é abrir
mão de bens pessoais para servir a outros conforme a vontade de Deus.
Os ganhos de Abraão. Deus
supre a caminhada. Tal afirmativa é notória na vida de Abraão, pois o mesmo aos
setenta e cinco anos era incompleto, em se tratando, da ausência de um filho.
Deus chama o patriarca. O patriarca obedece, logo vem o primeiro resultado, o
nascimento do filho da promessa.
Porém, antes que a promessa do
filho se concretizasse Deus mudou o nome de Abrão para Abraão. Quando o ser
humano obedece ao chamado, primeiramente Deus muda o nome do mesmo, retirando
todo o significado de dor, sofrimento, angústia e de exaltação, para um nome
que indique bênção.
Abraão não ficou preso em um
passado esquecido por seus sucessores. Todavia, a experiência de vida de Abraão
em conhecer e obedecer ao chamado de Deus para a sua vida fez do mesmo um dos
personagens mais ilustre da história da humanidade. A importância do patriarca
não estar limita na escrita bíblica, ganhou campo e dimensão gigantesca. Tal
dimensão foi conquistada pela obediência ao chamado.
Por fim, a justificação é o elo
da salvação que retira a penalidade do pecado. A justificação pode ser
entendida em ser:
Salvação dos pecados praticados
no passado. Libertação da penalidade ou da culpa do pecado. Um ato da graça.
Momentânea. E ocorre enquanto o indivíduo estiver no mundo.
Referência:
ALLEN, Ronaldo B.
RADMACHER, Earl D. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.
CHAMPLIN. R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 3. São Paulo:
Hagnos, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário