Não temas, pois
Deus tem ouvido a sua voz
Texto: E ouviu Deus a voz do menino, e bradou
o Anjo de Deus a Agar desde os céus e disse-lhe: que tens, Agar? Não temas
porque Deus ouviu a voz do rapaz desde o lugar onde está (Gn 21.17).
O presente texto relata um fato histórico em que
envolve dois personagens, Hagar e Ismael. Deus age em socorro de Hagar e de
seus descendentes expressando as seguintes palavras: não temas.
Não temas conforme a narrativa em foco descreve as
seguintes verdades: não temas, pois há um Deus que ouve o clamor; não temas o
desamparo humano, pois Deus não abandona os teus; e, não temas a ameaça da
morte, pois há um Deus que outorga saída em meio às crises da vida.
Não temas, pois
Deus ouve o clamor
Na
angústia, invoquei ao Senhor e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha
voz e aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face (Sl 18.6). O salmo de Davi se associa à realidade em
que enfrentava Hagar, a angústia. A angústia pode ser compreendida como o dia
em que as pessoas recebem más notícias, o dia em que são abandonadas,
menosprezadas e esquecidas.
Hagar cujo nome em hebraico pode ser definido pela
palavra estrangeira. E em frente à realidade da morte de seu filho a concubina
levantou a voz e chorou (Gn 21.16), e bradou o Anjo de Deus desde os céus e
consolou a concubina com a frase, não temas.
Assim como Deus ouviu o clamor do rapaz Ismael (Ismael
do hebraico significa Deus ouve), Deus continua a ouvir o clamor dos seus
filhos em meio às aflições. Portanto, é necessário que o cristão não se
apresente frouxo no dia da angústia, pois a sua força será pequena (Pv 24.10). Da
mesma forma o crente em Deus deverá saber que Deus é uma fortaleza no dia da
angústia (Na 1.7).
Não temas, pois
Deus não abandona os escolhidos
Pode
uma mulher esquecer-se tanto do filho que cria, que se não compadeça dele, do
filho do seu ventre? Mas, ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, me não
esquecerei de ti (Is 49.15). Sara pediu
ao patriarca que deitasse fora Hagar e Ismael, tal petição pareceu mal aos
olhos de Abraão, porém Deus assim ordenou que o patriarca fizesse, pois de
Ismael também seria erguida uma nação (Gn 21.10-13).
Hagar no deserto se sentiu abandonada e menosprezada,
porém Deus não abandona aqueles que têm promessa. De Ismael uma nação seria
erguida, pois este também era descendente de Abraão.
Logo, se Deus não abandonou Ismael no deserto, mas em
contra partida lhe outorgou livramento, é o que Deus também faz para com os
teus filhos nos dias atuais, outorga vitória em meio às aflições do deserto.
O deserto não é ponto final. O deserto é a escola que
permite aos cristãos saberem que Deus protege, livra, sustenta, providencia
para aqueles que o amam.
Sara abandonou Hagar, sendo esta a vontade de Deus. Muitos
abandonaram e abandonarão os cristãos, sendo esta a vontade de Deus. Porém,
assim como Deus não abandonou Hagar e seu filho, assim também Deus não abandona
os cristãos.
Não temas, pois
Deus repreende a morte
A morte é uma realidade que significa separação entre
corpo e alma, ou seja, a separação da parte física para com a espiritual. Para Hagar
a ausência de água indicava o fim, consumida a água ela deixou o rapaz debaixo
de uma árvore e se afastou a uma distancia de um tiro de arco, isto é, a uma distância
de 100 a 150 metros, e no seu íntimo dizia, que não veja morrer o menino (Gn
21.16).
É uma realidade geral em que os pais não desejam vê a
morte de seus filhos. Que sofrimento passou o patriarca Jó. Mas, com Jó se
aprende que não se pode temer a perca (Jó 3.25).
Assim como a morte é uma realidade, a vida também é
uma realidade, e Deus outorga vida e em abundância (Jo 10.10). Sendo assim,
Deus abriu os olhos de Hagar e ela viu um poço de água e deu de beber ao seu
filho. Logo, do temor da morte percebe-se que Deus outorgou vida e em abundância
para Ismael, pois Deus era com o moço (Gn 21.20).
Portanto, o local em que Hagar teve a visão tornou-se
conhecido como fonte do Deus visível. Logo, não temas é uma palavra dita pelo
Deus visível, isto é, pelo Deus verdadeiro que não abandona os escolhidos e que
está de prontidão para escutar o clamor de seus filhos outorgando vida em abundância.