A vida segundo o Espírito
O capítulo 8 da carta aos Romanos é um dos textos da Escritura
Sagrada mais citado nas reuniões dos cristãos. Pois, há uma forte dissertação a
respeito da vida segundo o Espírito, dividido em duas ações, sendo estas, o
andar e o viver segundo o Espírito.
Portanto, para os que andam e vivem segundo o Espírito não há
nenhuma condenação. A palavra condenação que tem como termo legal do grego
katakrima (κατάκριμα), significa pronunciar julgamento contra alguém. Logo, nos
registros celestiais não há nenhum juízo de condenação para os que estão em
Cristo. Assim também como não há nenhuma condenação no sentido de obrigação
para o crente expressa na lei. Mas, para os que não estão em Cristo e que andam
segundo a carne há condenação.
Do capítulo 5 ao capítulo 8 da carta aos Romanos o apóstolo Paulo
transmite como palavra chave: liberdade. Paulo assinala alguma
coisa especial através da qual a liberdade é efetuada (GONÇALVES, p 79).
O cristão
é livre da ira
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Esse fato,
Paulo fundamenta no amor de Deus em Cristo Jesus (cap. 5)
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O cristão
é livre do pecado
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Aqui
Paulo se refere ao batismo, através do qual nós fomos incorporados ao corpo
de Cristo, e que o corpo do pecado pode ser destruído (cap. 6).
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O cristão
é livre da lei
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Aqui
Paulo se refere à morte de Cristo. No corpo de Cristo nós morremos para a lei
(cap. 7).
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O cristão
é livre da morte
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Aqui Paulo
se refere ao Espírito, pneuma, o Espírito de Cristo é o poder que faz viver
(cap. 8).
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(Nygren apud Gonçalves, p.79).
I – A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À
LEI DO PECADO (Rm 8.1-4).
A lei está enferma, pois o que era
boa acabou por se tornar inoperante.
A lei tinha como missão indicar o caminho a ser palmilhado pelos seres
humanos, principalmente à nação de Israel, porém, a lei
acabou servindo de instrumento para aguçar o desejo de pecar.
Paulo em Romanos 8.2 disserta a respeito de dois tipos de lei:
Lei da
morte (Rm 8.2). Termo que se associa com o princípio do mal e com a lei de Moisés.
O motivo em que esta se associa com a lei de Moisés estar na condenação
proveniente da lei.
Lei do
Espírito (Rm 8.2). Se a lei do pecado condena e leva o homem a morte, a lei do
Espírito vivifica e conduz o homem à presença de Deus.
II – A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO
À NATUREZA ADÂMICA (Rm 8.5-17)
As duas ações argumentadas por Paulo no que corresponde à vida
segundo o Espírito são: andar e viver. O andar segundo o Espírito é o fruto da
escolha, viver no Espírito. A obra de Cristo possibilita aos cristãos escolher
entre o viver no Espírito ou no viver segundo a carne. Todos os que escolhem
viver segundo o Espírito terão como resultado o andar segundo Espírito.
1- Andar no
Espírito. Para Paulo andar segundo o Espírito é primeiramente estar livre
da lei do pecado e da morte (v.2). A lei do pecado condena e tem como resultado
final a morte. Logo, o andar no Espírito indica que o crente em Cristo está
livre da condenação proveniente do pecado.
O andar em Espírito é também contemplar a condenação do pecado na
carne (v.3). Obra desenvolvida por Jesus na cruz vencendo o pecado.
E por terceiro para Paulo o andar no Espírito é inclinar para as
coisas espirituais (vv. 5,6), que tem como garantia a vida e a paz.
A
paz é o fim do conflito intenso descrito no capítulo 7, bem como a harmonia e a
tranquilidade que existem no interior do cristão; isto é, o resultado do ato de
se render a Deus (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.382).
Portanto, o andar na carne tem como resultado a morte, ao
contrário o andar no Espírito, tem como resultado a vida e não apenas a vida,
mas uma vida com paz.
2- Viver no
Espírito. O viver no Espírito corresponde na transformação do crente, na
ação do Espírito em habitar e guiar o crente (vv. 9,14), na aceitação do
cristão como filho de Deus (v.14) e, por fim, no outorgar ao cristão o direito
de ser co-herdeiro de Cristo (v.17).
O cristão é habitação do Espírito Santo, não sabeis vós que sois o
templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Co 3.16). O termo, não
sabeis, introduz uma afirmação incontestável.
Além de habitar, o Espírito Santo também guia o crente, porque
todos os que são guiados pelo Espírito Santo de Deus, esses são filhos de Deus
(Rm 8.14).
Sermos
guiados pelo Espírito Santo de Deus é o mesmo que caminhar em conformidade com
o Espírito Santo. Caminhar implica a participação ativa e o esforço do cristão.
Ser conduzido sublinha o lado passivo, a dependência submissa de cada cristão
ao Espírito (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.383).
Viver no Espírito é também ser filho de Deus, pois recebestes o
espírito de adoção (v.15). Richards associa a este versículo a seguinte
explicação:
A
carne considera a Torá como obrigação e tem medo, pois o homem sincero sabe que
não conseguirá cumpri-la. O espírito considera a Torá como uma promessa e
exclama Abba (papai!), exatamente como um filho cujo pai, ao retornar de uma
viagem, lhe trouxe um presente muito especial (p. 306).
Por último, Paulo fala sobre o direito da herança. Todos os filhos
de Deus têm uma herança baseada na sua relação com Deus, herança de natureza
incorruptível, imaculada, reservada no céu (1 Pe 1.4). A herança dos filhos de Deus
inclui uma expectativa de vida eterna (Tt 3.4-7). Como herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo, os filhos de Deus compartilham, agora, dos sofrimentos
de Jesus (Fl 3.10) e, no futuro, compartilharão também da Sua glória Fl 3.11-14 (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.384).
III – A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO
ENTRE A NOVA ORDEM E A ANTIGA (Rm 8.18-30)
O cristão em meio a todos os sofrimentos permanece fiel a Deus,
pois a esperança que tem origem na promessa divina é maior que toda a aflição
deste tempo presente. Já nos versículos 22 a 26 o apóstolo Paulo fala de três
tipos de gemidos. A palavra gemido do grego, stenazó, transmite a ideia de
sentimento de pesar interior, exprime dor moral e física. De fato significa
suspirar, causar dor, afligir, entristecer, prantear e padecer. Até o próprio
Deus se condói do gemido dos necessitados (Sl 12.5) e levanta do seu trono e
põe a salvo aquele que nEle confia. Portanto, Paulo ao escrever a carta à
igreja em Roma transmite no capítulo oito os três gemidos: o gemido da
natureza, o gemido da igreja e o gemido do Espírito Santo.
Em suma, no capítulo 7 o apóstolo Paulo descreve a respeito da lei
do pecado e inicia o próximo capítulo com a palavra, portanto. O termo,
portanto, do capítulo 8 é uma conclusão informal de Romanos 7.25. Isto é,
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo, pois o Espírito Santo
capacita aos cristãos a viverem para e em Cristo.
REFERÊNCIA
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça, o evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos
Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
RADMACHER, Earl D.
ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.
RICHARDS. Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008.
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