Apresentação
do cristão para com Deus perante os outros cristãos
Texto: 1- Ora, quando ao que está
enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.
2- Porque um crê que de
tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
3- O que come não
despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o
recebeu por seu.
4- Quem és tu que julgas
o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará
firme, porque poderosos é Deus para o firmar (Rm 14. 1-4).
Em
Rm 14.1 a 15.13 o apóstolo Paulo descreve o modelo da relação ideal entre os
cristãos. Relação que deverá ser caracterizada pela tolerância aos mais fracos,
o correto exercício da liberdade e cuja esperança esteja firmada em Cristo, que
outorga o exemplo da abnegação.
Tolerância aos mais fracos
Paulo
comenta que havemos de comparecer ante o
tribunal de Cristo (Rm 14.10), logo a escrita do capítulo corresponde com
instruções ou exortações para os crentes em Jesus Cristo. A tolerância aos mais
fracos permite a concretização da aceitação de uns para com os outros. Sendo
que há um preço no que corresponde a esta aceitação, o preço da conformidade.
Em toda sociedade humana há
um preço a pagar pela aceitação – a conformidade. Conformidade no vestir,
conformidade em atividades, conformidade em presumimos que seremos aceitos por
eles, e finalmente sentiremos que também fazemos parte
(RICHARDS, p.322).
Conformidade
com os membros do corpo de Cristo pode ser identificada nas seguintes ações do
cristão: justiça, retidão e conhecimento.
Ser
justo para com o outro é não requerer algo além da condição deste. Já ser reto
é medir as ações conforme os padrões do indivíduo. Por fim, o conhecimento do
próximo permite ações que seja de fato coerente com a realidade do mesmo,
permitindo assim a unidade entre os membros do corpo de Cristo.
Portanto,
os mais fortes são exortados a receberem os que estão enfermos, ou seja, a
aceitarem não na própria consciência, pois estes têm como Senhor a Jesus.
Entretanto, aceitar os outros não
significa que devemos concordar com tudo o que eles creem imediatamente. Não
significa que aprovemos tudo o que eles fazem. No mundo, a aceitação significa que
deve haver conformidade. Em Cristo, a aceitação significa que, na companhia do
povo de Jesus, há recepção, calor humano e amor- amor que diz a irmão e irmãs
que, finalmente, eles encontraram o povo de que fazem parte (RICHARDS,
p.323).
Liberdade cristã
A
liberdade cristã dever ser firmada em um propósito, e não na destruição, e por
fim, deverá ser confirmada na direção das coisas que servem para a paz e edificação.
1- Propósito. Para
o apóstolo o propósito do cristão não pode ser direcionado para o tropeço e nem
para o escândalo, isto é, as ações desenvolvidas pelos os filhos de Deus não
podem conduzir alguém a cometer pecado. Pecado é errar o alvo. Portanto, o
propósito do cristão deverá ser voltado para a santificação dos demais irmãos
em Cristo.
2- Não destruas. Paulo trata aqui do princípio da convicção,
unindo-o ao princípio da consideração para com o irmão que é fraco. Esse é um
passo em direção à maturidade. Se comer carne (v.2; 1 Co 8.7-11; 10.25-28)
escandaliza o cristão fraco, então o que é forte não deveria comê-la
(RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.400).
3- Direção que conduz à paz
e a edificação. Conforme o versículo 19, a paz e a
edificação estão diretamente associados com a convivência entre os irmãos. Isto
é, cada um deve desenvolver meios para que a paz seja real e fazendo isto
estará edificando uns aos outros. Pois, cada
um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação (Rm 15.2).
Esperança cristã
O termo grego denota a
expectativa confiante ou a antecipação, e não o pensamento tendencioso como no
entendimento a partir do senso comum. O uso da palavra esperança nesse contexto
é incomum e irônico, pois ele sugere que os gentios, que nada sabiam sobre o
Messias, ou aqueles que pouco sabiam a respeito dele, anteciparam-se e
aguardavam a Sua vinda. Porém, para nós, é suficiente refletir sobre os atos de
Cornélio (Atos 10) a fim de percebermos que alguns dentre os gentios tinham
esperança na vinda do Messias judeu. Jesus foi enviado não só para a salvação
dos judeus, mas também dos gentios. Considerando que Deus é o autor da nossa
salvação, podemos chama-lo de o Deus da esperança, porque foi isso o que Ele
nos deu Rm 15.13 (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.402).
Logo,
o Deus de esperança outorga gozo e paz. Pois, a esperança indica e se
caracteriza pela expectativa confiante em um Deus de paciência e consolação.
Portanto, a paciência e a consolação das Escrituras proporcionam a esperança.
A
unidade entre os cristãos tornará visível para a sociedade a partir do momento
em que a tolerância for real. No instante em que a liberdade passar a ser
vivenciada. E na ocasião em que a esperança ter como base a paciência e a consolação
das Escrituras e, na hora em que a esperança proporcionar gozo e paz para a
comunidade cristã.
REFERÊNCIA
RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de
Janeiro: Editora Central Gospel,
2013.
RICHARDS. Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
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