A Lei, a carne e o Espírito
O apóstolo Paulo faz três analogias em Romanos sete: analogia do casamento,
analogia de Adão no paraíso e analogia da carne versus o espírito. Para o
apóstolo Paulo a existência da lei está associada com a presença da transgressão.
Até existe um provérbio que enfatiza que “boas leis são provenientes de más
condutas”. Por isso, sabe que as leis foram mediadas para que os hábitos maus
fossem refreados. Nos escritos de Paulo aprende-se que a existência da lei
estar associada à disciplina e a educação, pois pelo meio educativo os
israelitas conheciam suas culpas. Portanto, a lei foi promulgada não por causa
da obediência de alguns, mas por causa da desobediência de muitos. Porque a lei
na sua instrução se aplica à corrupção humana.
I - A LEI ILUSTRADA NA ANALOGIA DO
CASAMENTO
Sobre a analogia do casamento é necessário saber que se vive o
marido a mulher estar ligada ao cônjuge. Morto o marido a mulher fica livre.
Logo, o apóstolo Paulo faz desta ilustração a seguinte aplicação: morreu-se a
lei, agora o cristão é livre para casar com a graça (RADMACHER; ALLEN; HOUSE,
p.379).
Tal analogia explica a invalidade da Lei em justificar, pois a Lei
condena o melhor dos homens. E serve também para mostrar que a Lei não pode
mais condenar àqueles que estão em Cristo.
Paulo
fundamenta seu comentário mostrando a antiga relação da lei com aquele que a
observa. Paulo já havia mostrado no capítulo 5 que o pecado não é levado em
conta quando não há lei. Ali a transgressão aparece como a quebra do mandamento
da lei. Deus deu então o código do Sinai. Essa lei dada a seu antigo povo é
justa e boa, mas em vez de produzir vida, trouxe morte. Havia algum problema
com a lei? Não, o problema estava com os homens, corrompidos pelo pecado, que se
mostraram incapazes de obedecer aos preceitos da lei. A lei trouxe a
consciência do pecado e esse pecado, alimentado pela cobiça, frutificou para a
morte. Esse argumento receberá ênfase novamente em Romanos 7.7
(GONÇALVES,
p.70).
Portanto, o termo morto para a lei, significa que o crente estar
unido com Cristo.
II – ADÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA DA
SOLIDARIEDADE DA RAÇA (Rm 7.6-13)
O pecado de Adão conduziu todos a se afastarem de Deus, ou seja,
pelo ato pecaminoso de Adão todos tornaram pecadores.
O
pecado e a Lei mantêm as pessoas em escravidão. A lei é, então, algo mal como o
pecado? Não. Os mandamentos específicos da Lei trazem o conhecimento claro do
pecado. A tendência que temos para pecar tira proveito desse conhecimento para
nos agitarmos e nos rebelarmos, conduzindo-nos assim para pecados ainda
maiores. O bom propósito da Lei era tornar conhecido a nós o modo como
poderíamos agradar a Deus e receber dele a vida. O pecado torceu esse propósito
divino, a ponto de atualmente conduzir apenas para a morte (RADMACHER;
ALLEN; HOUSE, p.380).
Com Adão foi feita uma aliança tendo três elementos essenciais:
promessa, condição e pena.
A promessa se caracterizava na obediência de Adão, se este fosse
fiel a Deus o mesmo viveria eternamente.
Já a condição baseava na obediência ou desobediência de Adão. Se
Adão fosse obediente alcaçaria a promessa da vida eterna. Se Adão fosse
desobediente sofreria a pena.
Logo, a pena da aliança adâmica corresponde diretamente com a
desobediência, como Adão foi desobediente, ele e todos os seus descendentes
sofreram a morte.
III – O CRISTÃO ILUSTRADO NA ANALOGIA ENTRE
CARNE E ESPÍRITO
De fato a Lei é santa:
A
conclusão é que, em sua totalidade, a Lei é santa; e o mandamento, santo, justo
e bom. Nosso problema com o pecado não é decorrente da ausência da Lei divina, e sim,
resultado da nossa natureza pecaminosa (v. 8, 11, 13), que responde à Lei (RADMACHER;
ALLEN; HOUSE, p.381).
A constituição do homem é tríplice: espírito, alma e corpo. O ser
humano possui faculdades que o distingue dos demais seres criados por Deus. As
faculdades do espírito humano se resumem em fé e consciência, já o intelecto, à
vontade e as emoções são faculdades pertencentes à alma, e por fim, os cinco
sentidos completam as faculdades do corpo: paladar, visão, tato, olfato e
audição.
Entretanto, Adão representante da humanidade no pacto das obras
deixou como herança a culpa, a corrupção e a morte. Logo, as obras da carne são
demonstrações físicas e espirituais da degeneração humana.
Por fim, o problema não está na lei, mas nos seres humanos como
tais. A lei é espiritual: devido à sua origem divina e os seu propósito de
conduzir os seres humanos até Deus. Dessa forma, ela não pertencia ao mundo da
humanidade terrena, natural. Enquanto pneumáticos, ela pertencia à esfera de
Deus; se opõe ao que é sarkinos, carnal, pertencente à esfera da carne (GONÇALVES, p.74).
REFERÊNCIA
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça, o evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos
Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B.
HOUSE, H. Wayne. O Novo
comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel,
2013.
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