Deus é Fiel

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Subsídio para aula da E.B.D: As Obras da Carne e o Fruto do Espírito

As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Paulo ao escrever aos irmãos das igrejas existentes na Galácia defende a doutrina bíblica da salvação e a autoridade da sua vocação ministerial. A presente carta tem valor incomparável para as igrejas locais do presente século, pois outorga clareza nos assuntos doutrinários e convalida o poder e os benefícios da obra vicária de Jesus.
A instituição do homem é tríplice: espírito, alma e corpo. O ser humano possui faculdades que o distingue dos demais seres criados por Deus.
As faculdades do espírito humano se resumem em fé e consciência, já o intelecto, a vontade e as emoções são faculdades pertencentes à alma, e por fim, os cinco sentidos completam as faculdades do corpo: paladar, visão, tato, olfato e audição.
Entretanto, Adão representante da humanidade no pacto das obras deixou como herança a culpa, a corrupção e a morte. Logo, as obras da carne são demonstrações físicas e espirituais da degeneração humana.
I – ANDAR NA CARNE versus ANDAR NO ESPÍRITO
Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2.20). Pode-se destacar para associar a este tópico a seguinte frase: vida que agora vivo na carne. Paulo não estava descrevendo uma ação pecaminosa. O que o apóstolo estava descrevendo era a respeito da nova vida que o mesmo agora estava desfrutando em Cristo Jesus. Pois, com a queda de Adão três heranças foram outorgadas a humanidade, e estas são: a culpa, a corrupção e a morte. A segunda delas “corrupção” relaciona com a interpretação de muitos na frase em questão, porém, o que Paulo trata não é o termo “sarx”, carne, mas a palavra “soma” vida no corpo.
No grego temos duas palavras que precisam ser bem analisadas, a primeira é sarks. Em geral, sarks pode ter o sentido literal de carne, corpo, pessoa, ser humano, limitações físicas, o lado externo da vida, o sentido natural, e por fim, vem a carne como instrumento voluntário do pecado, que recebe esse forte conceito em Paulo. Assim, no constante uso que Paulo faz da palavra carne está apontando para a natureza pecaminosa.
A palavra sôma do grego é corpo, é bom lembrar que ela é neutra. O sôma pode referir-se ao corpo de um ser humano ou animal, mas quando Paulo faz uso dessa palavra em algumas de suas cartas, está dando ênfase à personalidade completa, o homem segundo as intenções de Deus (GOMES, p.8,9).
II – OBRAS DA CARNE UM CONVITE AO PECADO
As obras da carne podem ser resumidas em quatro grupos: pecados sexuais, falsa religiosidade, atitudes impróprias para o próximo e assuntos relacionados com o domínio próprio.
1. PECADOS SEXUAIS:
Os quatros tipos de pecados que correspondem com atos sexuais estão diretamente ligados com a desobediência do sétimo mandamento “não adulterarás” (Êx 20.14).
1- Adultério. Em algumas versões o termo utilizado é prostituição (pornéia), isto é, imoralidade sexual. Para muitos eruditos a prática do adultério corresponde com a traição entre casais e, de fato adultério tem como significado dormir em cama estranha.
Na Escritura Sagrada a infidelidade é apresentada em três níveis. No caso de Davi e Bate-Seba (2 Sm 11), ocorre o encontro de uma única noite. Já no caso de Sansão e Dalila (Jz 16), ocorre o caso confuso. Por fim, os filhos de Eli representam o vício sexual (1 Sm 2.22).
2- Fornicação. A relação sexual entre jovens sem haver a venda do corpo e sem corresponder com a traição de um terceiro se resume em fornicação.
3- Impureza. Correspondem com pecados sexuais, atos pecaminosos e vícios. Porém, este tipo de pecado é alimentado por pensamentos e desejos da alma (Ef 5.3, Cl 3.5).
4- Lascívia. Corresponde com o pecado da sensualidade. Tal prática conduz as pessoas ao ponto de perderem a vergonha. Por isso, tornou se natural no presente contexto civilizatório a falta de decência e a perca do pudor.
2. FALSA RELIGIOSIDADE:
No campo sociológico é natural a seguinte afirmação “todos os caminhos leva o homem a Deus”, porém, no contexto bíblico isto é uma mentira, pois só um Caminho leva o homem à pessoa de Deus, isto é, Jesus Cristo o Caminho (Jo 14.6).
1- Idolatria. Adoração a ídolos. Na sociedade pós-dilúvio e consequentemente após o período marcado pela bravura e agilidade de Ninrode (Gn 10.8-12) surgiu a prática do pecado de idolatria. Imagine quantas consequências a humanidade já sofreu por causa do pecado de idolatria adorando aquele que nada pode fazer (Sl 115. 4-8).
2- Feitiçaria. Pecado em praticar o mal com ou sem o auxílio de demônios. Tal pecado está relacionado com o espiritismo, com magia negra e com o culto a demônios (Ap 9.20,21; 22.15).
3. ATITUDES IMPROPRIAS PARA COM O PRÓXIMO:
O relacionamento humano é afetado por práticas impróprias, e entre elas: a inimizade, a porfia, a emulação, a ira, a peleja, a dissensão, a heresia e a inveja.
1- Inimizade. Corresponde com ações e intensões agressivas. São reais em pessoas que não sentem o mínimo de amor pelo próximo.
2- Porfias. É o resultado da inimizade. Ou seja, a porfia é indicada pela falta de amor, pela presença de briga, pela oposição e pela luta por superioridade.
3- Emulações. É o desejo de ser superior aos outros. De fato corresponde com a vontade em ser o primeiro sempre. Emulações ou ciúmes por Calvino é definida pela palavra ofensa em ver o outro o excedendo.
4- Iras. Fúria explosiva demonstrada por palavras e por ações. Paulo aconselha a igreja em Éfeso “não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26), porém, anteriormente o apóstolo tinha escrito “irai-vos e não pequeis”, isto é, os membros da igreja em Éfeso deveriam impedir de suscitar da ira as seguintes obras da carne: a porfia, a peleja e a dissensão.
5- Pelejas. Luta com ambição para ganhar seguidores que aprovem suas ideias.
6- Dissensões. Ensinamentos que fogem do padrão bíblico e que aprove pensamento faccioso. A dissensão tem como objetivo provocar separação na congregação.
7- Heresias. Grupos de indivíduos que destroem a unidade da igreja, e para isto, utilizam da palavra de Deus com ensinamentos errôneos. Para tais pessoas vale o lema apologético: “texto sem contexto, torna-se pretexto para o surgimento de heresias”.
8- Invejas. Para Calvino a inveja corresponde com o tipo de pessoa que se ofende com a excelência de outrem.
4. ASSUNTOS RELACIONADOS COM O DOMÍNIO PRÓPRIO:
1- Homicídio. Ato de matar alguém.
2- Bebedice. Uso de bebidas que provocam alterações físicas.
3- Glutonaria. Descontrole no uso de alimentos, sendo que tal pecado está também relacionado com o envolvimento com drogas e sexo.
O apóstolo Paulo termina a citação sobre as obras da carne da seguinte maneira “os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”. Portanto, deixemos toda obra carnal que se opõem aos frutos do Espírito.
III – FRUTO DO ESPÍRITO, UM CHAMADO PARA SANTIDADE
No evangelho de João capítulo 15, Jesus é apresentado como a videira verdadeira, o Pai é apresentado como o lavrador e os cristãos como as varas (Jo 15.1,2). As varas frutíferas são limpas pela palavra para darem mais frutos (Jo 15.3), logo se percebe o poder da palavra para santificar e moldar o estilo de vida dos cristãos; tanto para com Deus, como para com o próximo e também para consigo mesmo.
1. FRUTOS INTERLIGADOS AO RELACIONAMENTO COM DEUS:
O homem foi criado para manter ralação direta com Deus, porém, com o surgimento do pecado este relacionamento foi alterado. Mas, com a obra realizada por Jesus na cruz foi proporcionado à abertura de um novo relacionamento sendo este agora debaixo da graça.
1- Amor. O termo utilizado indica amor divino (ágape) que é imutável, sacrificial e espontâneo. Por amou Jesus foi entregue para salvar a humanidade (Jo 3.16). Quando este amor é operante na vida do indivíduo o mesmo passa a amar até mesmo os inimigos (Mt 5.44).
Este amor não corresponde com sentimentos e nem com ações que esperam recompensas, porém trata-se de um dom divino.
2- Alegria. O relacionamento com Deus quando é espontâneo produz júbilo. Sendo que a alegria como fruto do Espírito corresponde com o amor exultante e se manifesta na tribulação (2 Co 7.4).
A alegria está relacionada com uma vida de comunhão com Deus.
3- Paz. Como fruto do Espírito a paz corresponde com o amor em repouso, isto é, ação divina que tranquiliza o cristão.
O desfrutar da paz ocorre em três dimensões: paz com Deus, paz com o próximo e paz consigo (Rm 5.1;12.18).
2. FRUTOS INTERLIGADOS AO RELACIONAMENTO COM OS OUTROS:
Assim como o pecado afetou o relacionamento do homem para com Deus, também afetou o relacionamento do homem para com o seu próximo. Basta acompanhar o noticiário para perceber que o relacionamento entre os seres humanos tem sido afetado pelo pecado e como tal afetação tem proporcionado catástrofes enormes, porém, quando o ser humano faz aliança com Deus o relacionamento com próximo também é restaurado.
1- Longanimidade. Corresponde com a paciência contínua, isto é, a paciência que leva o indivíduo a suportar a falta de amabilidade dos outros para consigo. É o saber esperar a vontade de Deus no tempo de Deus (Ec 3.1).
2- Benignidade. É o amor em ação para com o próximo, pois é a condição que o cristão desenvolve em expressar ternura e gentileza para todos que estão a sua volta. Logo, é a atitude de fazer o bem.
3- Bondade. O fruto da bondade indica que houve capacitação divina em transformar o indivíduo em bom cidadão. Deus não transforma o homem para ser bom para com uns e mal para com outros. Quando o indivíduo é transformado pelo sangue carmesim o Espírito de Deus produz transformação, ou seja, desenvolve um novo ser.
3. FRUTOS INTERLIGADOS AO RELACIONAMENTO PESSOAL:
Para alcançar um relacionamento satisfatório com Deus e com o próximo o indivíduo deverá está bem consigo mesmo, pois não há possibilidade de desenvolver um relacionamento agradável com Deus e não amar a si mesmo, isto é uma impossibilidade.
1- Fé. A fé como fruto do Espírito está relacionada com a fidelidade. Ser fiel a alguém corresponde a estar bem consigo e a entender o valor e os efeitos da fidelidade. A ausência da fidelidade no mundo estar associada com a multiplicação da iniquidade, porém, quando a fidelidade se manifesta não há lugar para insegurança.
2- Mansidão. O fruto conhecido com mansidão dá sabedoria à pessoa que passa a agir com autoridade e também sabe submeter de forma humilde. Mansidão é a prática correta da humildade.
3- Temperança. É capacidade de controlar a si mesmo. Três são os pontos fundamentais para serem controlados: a língua, as paixões e os desejos que são contrários à vontade de Deus.

E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. O versículo indica a vitória sobre a carne, logo os frutos do Espírito são desenvolvidos para esta finalidade de vencer os desejos exagerados da carne e os mesmos são identificadores da real transformação ocorrida na vida do cristão.
Referência:
GOMES, Osiel. As obras da carne e o fruto do espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

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