A
Trindade em nosso favor
Texto: Eleitos segundo a presciência de Deus
Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de
Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas
(1Pe 1.2).
A saudação de Pedro para com os cristãos
dispersos abrange ações da Trindade em prol da salvação dos seres humanos. A
doutrina da Trindade ensina que há um único Deus existente em três pessoas:
Pai, Filho e Espírito Santo. A presente declaração torna-se notável quando o
apóstolo associa a eleição à presciência do Pai, a santificação como atuação
direta do Espirito Santo e a transformação por intermédio da atuação de Jesus
no calvário, pois foi ali que Ele derramou o sangue para outorgar salvação.
Salvação versus eleição
1-
Compreendendo a descrição: eleição. O termo eleição do grego
προγινωσκω significa, já conhecer ou ter conhecido no passado, em outras palavras
significa prever ou antever. Para Robinson “somente para Deus, conhecer de
antemão, talvez com a ideia de aprovação; usado para o perfeito
pré-conhceimento de Deus como ligado aos seus eternos desígnios” (p.776).
A eleição didaticamente pode ser dividida e
entendida da seguinte maneira:
a) A
eleição é preventiva. Isto é, Deus utiliza vários meios para
impedir a operação do mal na vida daqueles que o teme.
b) A
eleição é permissiva. Isto é, Deus outorga liberdade ao homem para
que este realize as escolhas conforme o livre-arbítrio que possui.
c) A
eleição é diretiva. Deus outorga liderança sobre a vontade
humana.
d) A
eleição é determinativa. Isto é, Deus executa conforme a sua
soberania (PEDRO apud POMMERENING, 2017, p. 89).
2-
Eleição e predestinação. Já para Andrade a doutrina da salvação
deverá ser compreendida com base em João 3.16, sendo assim descrita: “a
predestinação é universal. Ou seja: Deus, em seu profundo e inigualável amor, predestinou
todos os seres humanos à vida eterna. Ninguém foi predestinado ao lago de fogo
que, conforme bem o acentuou Jesus, fora preparado para o diabo e aos seus
anjos. Mas o fato de o homem ser predestinado à vida eterna não lhe garante a
bem-aventurança ao lado de Deus. É necessário, pois que ele creia no Evangelho.
E, assim, será havido por eleito. Por conseguinte, a predestinação é universal;
e a eleição é particular” (ANDRADE, p.207).
3- A
presciência de Deus. A presciência divina se associa a dois
fatores determinantes, que são: o amor eterno de Deus e o propósito de Deus
para com o seu povo, neste caso a nação de Israel e à Igreja. Conforme o
versículo 3, o amor de Deus é concretizado em sua presciência que se define por
grande misericórdia, que nos gerou para uma viva esperança.
A santificação é um elo da
salvação
A santificação tem início no começo da
salvação do cristão. E esta santificação só é possível graça a ação divina em
doar o seu único filho para salvar a humanidade (Jo 3.16).
Conforme os Escritos Sagrados à santificação
se dá mediante a fé conforme a obra redentora de Jesus; “para lhes abrir os
olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de satanás para Deus,
a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados
pela fé em mim” (At 26.18).
Também se dá mediante a palavra de Deus.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
A santificação progressiva também se dá
mediante uma vida de oração, “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo
1.9). Assim também como no frequentar a igreja, pois na congregação os santos
se reúnem para louvarem a Deus, buscarem a face de Deus e aprenderem de Deus
mediante o ensino da Escritura Sagrada.
Por fim, santificação se inicia na aceitação
do cristão a Cristo, porém tem o seu clímax e perfeição no retorno de Jesus
para buscar a igreja, isto é, no arrebatamento.
Salvação corresponde com a
ação direta de Cristo na cruz
Três palavras tornam-se importantes para a
compreensão da salvação correlacionada com a ação direta de Jesus Cristo na
cruz, são elas: consumação, vicária e reconciliação.
1-
Consumação. A palavra grega Tetelestai tem como
significado está consumado, em outras palavras está pago. Jesus no calvário
exclamou: está consumado. Logo, percebe-se que Jesus disse que estava paga a
dívida que limitava os que creem a se aproximarem de Deus.
2-
Vicária. A cruz não era para Jesus, então o Messias é o
substituto, por ser o substituto percebe-se que a morte de Cristo na cruz é
vicária, isto é, substitutiva.
3-
Reconciliação. O termo presente para definir reconciliação
no NT grego é καταλλαγή que resumidamente significa troca ou mudança, isto é,
com base na mensagem do Novo Testamento percebe-se que corresponde com a troca
de inimizade para amizade. De fato a reconciliação é possível por meio do favor
divino.
Portanto, é necessário saber que a morte de
Jesus foi uma expiação pelos pecados da humanidade. Expiar o pecado é cobri-lo,
apaga-lo e perdoar o transgressor. A morte de Jesus também foi uma propiciação,
isto é, foi o aplacar da ira de Deus. Em terceiro a morte de Jesus foi uma
substituição (Rm 5.6). Por fim, a morte de Jesus na cruz foi e é redenção e
reconciliação para todos aqueles que se aproximam da mensagem do evangelho.
Referência:
ANDRADE,
Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico,
com definições etimológicas e locuções latinas. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
POMMERENING,
Claiton Ivan. A obra da Salvação, Jesus
Cristo é o caminho a verdade e a vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
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