Apocalipse
capítulo: 2 – As quatro primeiras cartas
O segundo capítulo trata-se especialmente de quatro
das sete cartas escritas às Igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo e
Tiatira.
Percebem-se alguns elementos em comum nestas cartas: a
credencial do remetente, a afirmação de conhecimento (sei), uma palavra de
louvor ou de censura e, por fim, uma promessa para os vencedores (SILVA, 1997,
p.30).
A apresentação de Jesus para com as Igrejas
1-
Para Éfeso. Éfeso tem como significado
o desejado, e teve como prováveis pastores: Timóteo e Tíquico. Para os membros
desta Igreja Jesus se apresenta “isto diz
aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete
castiçais de ouro” (Ap 2.1). As sete estrelas correspondem com os sete
anjos das sete igrejas, enquanto os sete castiçais descrevem as sete igrejas,
portanto para a igreja em Éfeso Jesus ratifica que Ele se faz presente do meio
dos seus seguidores (Mt 18.20).
2-
Para Esmirna. Esmirna tem como significado
mirra e se relaciona com sofrimento, e teve como pastor Policarpo. Já para os
membros da igreja em Esmirna o Senhor Jesus se apresentou como o primeiro e o
último, que foi morto e reviveu (Ap 2.8). Esta apresentação corresponde em
ratificar que Jesus é a fonte da vida, assim como a razão da existência de
todas as coisas (último), sendo Ele também o princípio da vida após a morte.
3-
Para Pérgamo. Pérgamo tem como
significado aquilo que é alto ou elevado. Nesta carta Jesus se apresenta como
aquele que tem a espada aguda de dois fios (Ap 2.12). Isto é, Jesus é quem
distinguem os vencidos dos vencedores, ou seja, aquele que julga com justiça e
outorga a vida e a morte.
4-
Para Tiatira. O termo Tiatira significa
sacrifício de trabalho. E para Tiatira Jesus se apresenta como o Filho de Deus
(isto é, Jesus é Deus), que tem seus olhos como chama de fogo (justiça), e os
pés semelhantes ao latão reluzente (ratificação do sofrimento de Jesus na cruz
para proporcionar salvação aos homens).
A onisciência de
Jesus – “sei as tuas obras”
1-
As obras de Éfeso. Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não
podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são,
e tu os achaste mentirosos. E sofrestes, e tens paciência; e trabalhaste pelo
meu nome, e não te cansastes (Ap 2.2,3). Em Éfeso os crentes mantiveram
viva a esperança em Cristo, logo, estes teriam as suas forças renovadas.
2-
As obras de Esmirna. Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a
blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás
(Ap 2.9). As obras de Esmirna, assim como a tribulação vivenciada pelos membros
desta igreja eram por Jesus conhecidas. Porém, há uma declaração empolgante da
parte de Cristo quando afirma que a igreja em Esmirna era rica, o que
corresponde com riqueza espiritual, riqueza na fé, na oração, no amor e na
leitura da Palavra.
3-
As obras de Pérgamo. Eu sei as tuas obras, e onde habitas, que é onde está
o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos
dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós onde Satanás
habita (Ap 2.13). A igreja em Pérgamo se
destaca por manter se firme na fé mesmo mediante o martírio de Antipas.
4-
As obras de Tiatira. Eu conheço as tuas obras, e a tua caridade, e o teu
serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do
que as primeiras (Ap 2.19). Por
significar sacrifício de trabalho a igreja em Tiatira nos ensina que o trabalho
cristão é progressivo e se manifesta com ações proporcionadas pela fé e pela
paciência, se notabilizando em serem as últimas obras maiores que as primeiras.
Palavra de
censura ou louvor
1-
Palavra de censura para com a igreja de Éfeso. Tenho, porém,
contra ti que deixaste a tua primeira caridade (Ap 2.4). A palavra de
censura era que esta igreja estava perdendo o amor, isto é, estava ocorrendo nesta
o esfriamento da caridade (Mt 24.12).
2- Palavra
de louvor e encorajamento para com a igreja de Esmirna. Nada temas das
coisas que hás de padecer (Ap 2.10). Forte perseguição passaria os membros
de Esmirna, porém era necessário que estes continuassem fiéis até a morte para
conquistar a coroa da vida.
3-
Palavra de censura para com a igreja de Pérgamo. Contra Pérgamo o Senhor Jesus desaprova os seguidores
da doutrina de Balaão, assim como os seguidores da doutrina dos nicolaítas (Ap
2.14,15).
A respeito da doutrina de Balaão compreendem-se ações
voltadas objetivando a queda espiritual daqueles que estão firmes diante de
Deus, sendo estas: a idolatria e a prostituição. No Novo Testamento há quatro
descrições a serem observadas sobre Balaão: o caminho de Balaão (2Pd 2.15), o
erro de Balaão (2Pd 15), o prêmio de Balaão (Jd 11), e a doutrina de Balaão (Ap
2.14). Por fim, sobre os seguidores desta doutrina compreende-se três
características: malícia, egoísmo e imoralidade (SILVA, 1997, p.40).
Já no que se refere à doutrina dos nicolaítas há forte
associação com os gnósticos que rejeitavam a encarnação de Jesus Cristo ensinando
que esta ocorreu apenas aparentemente.
4-
Palavra de censura para com a igreja de Tiatira. A censura contra Tiatira estava associada com a
tolerância com a mulher que se diz profetisa que ensinava e enganava os crentes
(Ap 2.20). O nome Jezabel tem como significado montão de lixo. Na carta pode se
referir a uma doutrina, assim como uma religião, porém o significado do nome já
explica a catástrofe espiritual que se procede da presença de um ser com
possíveis atitudes.
Promessa para os
vencedores
1- Promessa
aos vencedores de Éfeso. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore
da vida que está no meio do paraíso de Deus (Ap 2.7). O comer da árvore da
vida expressa a participação dos vencedores na vida eterna. Em Gênesis existia
a árvore da vida e a árvore da ciência do bem e do mal, já para os vencedores
não terá que escolher entre as árvores, porque estes já são vencedores, pois em
todo o tempo escolheram serem fiéis a Cristo.
2-
Promessa aos vencedores de Esmirna. O que vencer não receberá o dano da segunda
morte (Ap 2.11). A segunda morte corresponde com a separação eterna para
com Deus. Os que sofrerão a segunda
morte serão aqueles que não terão a oportunidade de viverem ao lado do Senhor
Jesus por toda a eternidade.
3-
Promessa aos vencedores de Pérgamo. Ao que vencer darei eu a comer do maná
escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o
qual ninguém conhece senão aquele que o recebe (Ap 2.17) Na terceira vez em
que aparece a descrição ao que vencer, percebe-se três promessas:
Primeira promessa, comer o maná escondido. O maná
corresponde a uma tipologia de Cristo, e no céu o Senhor Jesus outorgará aos
vencedores o verdadeiro pão do céu.
Já a segunda promessa, dar-lhe-ei uma pedra. Para
Silva cinco descrições históricas correspondem com a pedra branca: alguém que
passou por um processo e foi absolvido, escravo alforriado, vencedor de
corridas, repartição entre dois amigos e também eram conferidas aos guerreiros
quando voltavam das guerras (1997, p.42,43).
E a terceira promessa, um novo nome. Um novo nome
indica que a obra da criação está perfeita.
4-
Promessa aos vencedores de Tiatira. Ao que vencer,
e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações (Ap 2.26). Portanto, a quarta promessa corresponde
com o período em que a igreja governará com Cristo no milênio.
Em suma, além destes quatro tópicos apresentados
outros três poderão também ser estudados: as cartas são direcionadas a um anjo,
Jesus lembra aos crentes a respeito da sua vinda e a cada castiçal é repetida a
seguinte frase; quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 2.7,11,17,29).
Referência:
SILVA, Severino Pedro. Apocalipse, versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
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